Colunista | Rogério Martinez

A frente de oposição  que permitiu a Daniel Alonso (PSDB) formar um bloco político que venceu a eleição para a prefeitura. Mas fracassou nas eleições proporcionais, fez uma bancada pequena na Câmara.

Ou seja, a frente ganhou o governo sem estrutura para governar. E acabou. Ganhou a eleição mas perdeu o governo. Novos partidos e políticos entraram e ganharam obrigações e parte do bolo, leia-se cargos. As nomeações detonaram tiroteio amigo contra Daniel. Estão no centro de ataques em redes sociais e da crise com Rabih Nemer.

Daniel joga como todos os antecessores, como Alckmin, Lula, Dilma (é, neste momento o PT articula com golistas a formação da direção da Câmara dos Deputados). Não justifica eventual falta de critério técnico para as nomeações e nem responde à expectativa de quem o apoiou.  

Não deu para o novo governo ser tão novo assim? Bem, boa parte disso já estava na articulação da frente. O apoio veio de varios lados, muitos que já foram governo. E antes dela. Daniel Alonso foi eleito presidente da Acim, em 2011, bem relacionado com o grupo de Vinícius e Bulgareli. Ganhou com declarações entusiasmadas do Sérgio Lopes Sobrinho, que seria depois o vice-prefeito de Vinícius.

Ganhou e geriu a Acim como quis até sair pra fazer campanha. Não se diga que a Acim não é lugar de político. Os quatro presidentes antes dele fizeram o mesmo jogo, todos foram políticos – com mandatos..

Assim, até que se mostre incompetência, corrupção ou jogo sujo para votações na Câmara, a crise das nomeações é mais barulho. É uma decepção? Bem, isso também passa longe de ser novidade e infelizmente a saída de quem não gostou é entrar no jogo para os próximos passos, mas há considerações importantes a fazer.

Além de debate desgastante sobre o tema - qualquer opinião pode servir a um ou outro lado e opiniões serem usadas de forma indevida - o debate exaustivo sobre as nomeações vai escondendo outras questões com maior impacto que os nomes no governo.

O lixo ainda fica uma semana na porta das casas, as ruas parecem peneiras, a auditoria nas contas não apareceu e com algumas exceções – como projeto de empreendedorismo na Educação – pouca inovação surgiu em 25 dias de governo.

É cedo para que algo mude drasticamente? Com certeza.

Mas já sobrou tempo para discutir com a cidade idéias e planos, o que será feito sem que cada situação seja um susto ou uma revelação apoteótica. Menos defesa aos ataques e mais informações sobre o que vem ajudam o debate, incentivam a discussão. é preciso falar claro com a sociedade, ainda mais com bairros tão distantes do centro, uso indevido destas informações, moradores e até doutores que não entedem ou fingem não entender o que lêem.

A oposição na torcida pelo fracasso se beneficia com as crises e o silêncio. Daniel não quer falar com a sociedade? Eles falam o que querem e fazem seu jogo.

O que falta saber é como o cidadão comum, que espera o caminhão de lixo, a Codemar, o Daem, os postos de saúde com remédios, vai jogar. O cidadão quer ver se as nomeações são só uma acomodação de governo ou se a administração será refém dos novos amigos, tendo que ceder a cada votação polêmica. Isso amarraria a administração tanto quanto as bombas relógio deixadas por Vinícius.

O cidadão pode discutir as questões, inclusive nomeações, na associação de bairro, nos grupos da igreja, os sindicatos, em mensagens pessoais aos vereadores, em manifestações (contra ou a favor), nas sessões da Câmara, nos clubes de serviços, nas associações, nos eventos públicos e assim entrar na disputa.

O povo pode articular uma nova frente, que preveja ganhar prefeitura e câmara, que envolva rejeitar acordos por cargos e falar sobre isso com a comunidade

O povo pode rejeitar os ataques vazios, as mentiras, as desculpas esfarrapadas e as nomeações 

Ou pode não fazer nada e continuar na arquibancada assistindo, como se o jogo não fosse com ele.

E você, vai jogar?


Giro Marília -Rogério Martinez
Rogério Martinez
Jornalista, editor do Giro Marília

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