Colunista | Rogério Martinez

O vereador Cícero Carlos da Silva, o Cícero do Ceasa, fará em 2017 seu segundo mandato, reconduzido ao cargo por 2810 eleitores que deram a ele a terceira maior votação deste ano.

Não votei nele – como não votei em qualquer um, estava fora da cidade no dia da eleição – mas acredito que a cidade seria outra, melhor, com mais meia dúzia de vereadores como Cícero.

Como na maioria de processos políticos polêmicos, a história vai dizer se Cicero errou ou acertou ao votar a favor do Plano de Carreira elaborado por Vinícius Camarinha, ainda que a história seja um emaranhado de versões.

Não dá para dizer simplesmente ele errou ou acertou. Mas entendo que seja justo pontuar e aproveitar o caso para discutir questões de prática política.

Cícero diz que votou tranquilo com sua consciência e o que ele considera correto. Bem, Cícero não é representante de si mesmo.

Está muito acima da média como representante dos cidadãos, com medidas como seu gabinete itinerante inovador. Ouve a comunidade e é por ela que deve votar. Sempre. Com ou sem pressão.

A maioria não chega perto disso, vota como quer e não raramente em interesse próprio. Cícero não votou por interesse, mas por entendimento pessoal seu.

Nem ele e nem qualquer outro vereador deveria  estar lá pra ter suas ideias, suas vontades, sua determinação pessoal ou o leva consigo o que “desde pequeno aprendi com meu pai”.

São representantes, tem procuração para falar em nome de outros, já que não dá para fazer votações públicas com todos os eleitores a cada decisão importante da cidade.

Ou seja: para ser vereador de verdade não tem que votar como quer, mas como o eleitor quer.

Então decidir se ele está certo ou errado dependeria de saber se seus eleitores concordam com o voto, o que é impossível saber agora.

Além disso, Cícero diz em uma manifestação nesta terça que confia e acredita no prefeito eleito Daniel Alonso. E aí o discurso não bate com a prática.

Daniel disse que em 90 dias teria um novo plano de carreira, construído com os servidores, mais justo. Cícero não parece acreditar no que diz o prefeito eleito, não aceitou essa versão. Votou contra ela, inclusive.

O voto de Cícero é um sinal, escandalosamente barulhento, de algo já dito aqui na coluna: a base de apoio ao prefeito eleito passa longe de cordeiros de presépio. Daniel não terá nem arremedo da facilidade que Vinícius teve e até onde discursa não fará esforço ou o mesmo jogo para ter também.

Não é uma base que obedece e vota, mas uma base com muita vontade própria, muita saúde cívica e muito preparo para pensar projetos, leis e o destino da cidade, o que envolve discordar.

Como isso vai se refletir em outras votações polêmicas é uma das atrações do que vem por aí. Fãs de política acostumados ao 10 a três dos últimos quatro anos recebem previsão de muitas emoções. 


Giro Marília -Rogério Martinez
Rogério Martinez
Jornalista, editor do Giro Marília

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