Um manifesto assinado por religiosos de 11 das 16 Dioceses em torno do rio São Francisco, no nordeste brasileiro, lança um alerta sobre os danos e riscos para toda a bacia, o abastecimento de água e a vida de moradores e do bioma em torno do rio.

A carta é um alerta provocado por repetidos problemas que nos últimos meses se agravaram em situações de violência, conflito na disputa pela água e choque entre populações de baixa renda e grandes corporações, que promovem consumo predatório de água e espaço em torno dela.

“À Luz do evangelho e em comunhão com Papa Francisco, nós, bispos da bacia, representando 11 das 16 Dioceses, diante do processo de morte que esse rio enfrenta, e das consequências que ela representa assumimos de forma colegiada a defesa do velho Chico, seus afluentes e do povo que habita sua bacia.”

No documento, transformado em um vídeo (assista abaixo), os bispos alertam sobre os problemas do rio e apontamos próximos passos de seu trabalho. O documento diz que os religiosos constatam “com profunda dor” as diferentes situações de danos ambientais. E listam pelo menos seis problemas graves:

- Sumiço de nascentes e pequenos afluentes

- Aumento da demanda de agua para irrigação, indústria e consumo

- Destruição gradativa das matas ciliares

- Decadência visual dos rios e biodiversidade

- Aumento visível de conflitos na disputa pela água

- Empresas sempre fazem prevalecer seus interesses e o Estado acaba por ser legitimador de um modelo predatório de desenvolvimento

“Diante desta triste realidade, enquanto bispos da bacia do Rio São Francisco, propomos: irmos ao encontro do povo para juntos assumirmos o grande desafio de salvar o rio da morte”, diz o manifesto, que envolve outras medidas:

- Visitar e estabelecer dialogo com as pessoas para assumam o cuidado com a Casa Comum (a Terra)
- Elaborar subsídios educativos sobre meio ambiente e o modo de preserva-lo
- Reforçar iniciativas populares de recomposição florestal, restauração de nascentes e gerar modo de vida sustentável e defender políticas públicas de saneamento básico, apoio à agricultura familiar, a exemplo das comunidades tradicionais

“Declaramos nossa posição em defesa do repouso para nossos biomas para que possam se reconstituir, particularmente uma moratória para o cerrado por dez anos. Neste período não seria mais possível nenhum desmatamento.”

Os bispos também chamam autoridades políticas e o Ministério Público para que assumam sua responsabilidade na defesa do Velho Chico e seu povo. Veja abaixo vídeo com a Carta da Lapa, como foi chamado o manifesto, lançada na cidade baiana de Bom Jesus da Lapa, que fica a 800km de Salvador e a 670km de Brasília. Veja abaixo vídeo com a íntegra do manifesto