Igreja lotada, muitas manifestações de carinho e uma mensagem em defesa da comunidade, da cidade e cuidados com os mais necessitados. Foi assim a celebração da última missa do padre Edson de Oliveira Lima na Paróquia da Sagrada Família, em Marília antes de sua transferência para Quintana.

A celebração encerrou um período de seis anos e cinco meses em que o padre atuou na paróquia, localizada na zona norte de Marília em meio a bairros de perfil popular, com projetos comunitários e religiosos aliados a uma postura de coragem e defesa de toda a comunidade, trabalhadores, moralidade e eficiência na política.

O trabalho rendeu – e rende até hoje – perseguições políticas e uma legião de admiradores em toda a cidade. Em alguns momentos e bairros mais afastados da cidade, a postura ficou mais conhecida que o trabalho paroquial, o que é um erro.

“Briguei pelos pobres. Ajudei muita gente. Não dá para a gente ver tantas pessoas em situação de quase indigência e ficar quietos. O sangue ferve. Não dá para ser conivente. Nunca fui. E nem covarde”, disse o padre ao Giro Marília.

Edson de Oliveira Lima disse que fez uma missa de gratidão pelas realizações da paróquia e disse que o trabalho da comunidade em torno da igreja deve ser referência para outras iniciativas.

O padre que acompanhou greves, manifestações políticas, atos públicos e passeatas, chegou às ruas e aos movimentos pelo trabalho paroquial, com pelo menos três grandes destaques

- Pastoral da Criança
O trabalho da Sagrada Família no cuidado a crianças até os seis anos anda na contramão de outros projetos e não para de crescer. Acompanhamento e encaminhamento para cuidados de saúde, alimentação, atenção e proteção social mobilizam dezenas de voluntários.

- Situação de rua
A paróquia distribui até 160 refeições por dia nos finais de semana, além de ações de visitas e contato pessoal com moradores em situação de rua. “É um ato que tem provocado até críticas de algumas pessoas mas de profunda caridade cristã, a Bíblica nos faz o chamado para dar de comer a quem tem fome.”

- Dependentes químicos
A paróquia dá suporte de voluntários, recursos e atendimento a uma instituição de tratamento a viciados e dependentes químicos. “Quando um jovem se torna viciado a família toda adoece. A paróquia tem ajudado o trabalho que recebia apoio da prefeitura. Quando esse apoio acabou a paróquia continuou, hoje repassa em torno de R$ 3.500 por mês.”

Padre Edson atribui à paróquia e aos fiéis o sucesso de todos os projetos, diz que não faz nada por heroísmo, fama ou vaidade. “Não sou exceção, sou regra. Faço a ordem o dia, o que deve ser rotina. Como comunicador, pregador, tenho obrigação de unir minha conduta a o que eu prego.”

Reage com indignação às insinuações de interesses políticos e pessoais. “São muito ignorantes, medíocres.” Mas não abre mão de mensagens sobre a vida política.

“É preciso afinar o discurso. Estou cansado de discursos, palavras bonitas. Não dá mais só pra olhar para trás. É outro grupo, que precisa mostrar trabalho, mais técnico, menos político.”



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