Colunista | Flavio Sampieri

Ora, gente, não se queixe
se hoje está moribundo
o nosso rio do Peixe
que já foi largo e profundo.

Essas águas serpenteavam
entre margens verdejantes,
de seu bojo saltitavam
vidas várias, flamejantes

Lambaris, bagres, pintados,
piaus, curimbas, pacus,
os reis dos rios, os dourados,
piaparas, piauçus

e o que mais pensar de peixe
se encontrava sempre ali,
que eu fale meu povo, deixe,
pois nele tudo isso eu vi.

Vi capivaras, veados,
ariranhas, jacarés,
todos eles entremeados
à mata e aos aguapés.

Esse rio que vejo agora
não é aquele fluente
que eu já vira outrora
desde a sua nascente,

Pouca água, muita terra
não consegue deslizar
sobre a areia que o emperra
o impede de caminhar.

O meu Deus! Quanta tristeza
ver Vossa obra espoliada
mataram a Natureza
o nosso rio virou nada!

Se “amor com amor se paga”
quero, antes que eu enfeixe
estes versos, jogar praga
em quem matou o rio do Peixe.

Porém, concedo perdão
a quem tentar reavivá-lo.
Concedo de coração,
porque é preciso salvá-lo.


Giro Marília -Flavio Sampieri
Flavio Sampieri
Flávio Sampieri, poeta e jornalista, fundou o jornal O Caiçara, de poesia e literatura, que circulou por dois anos na década de 50, e escreveu em diferentes jornais. Faleceu em 2005, pouco antes de completar 75 anos. A coluna circula em homenagem ao poeta e lembrança pelos dez anos de seu falecimento, com poesias cedidas pela família,

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