Colunista | Rogério Martinez

O Complexo Famema é a menina dos olhos na saúde de toda a região. Uma faculdade de sucesso, três hospitais, ambulatórios e a prestação de serviços essenciais à comunidade de 62 municípios. Espaços públicos, com pacientes de diferentes classes sociais, e muitos interesses envolvidos. Espanta que seja tão maltratada.

A estadualização e as necessidades que acompanham a instituição e seu funcionamento rendem usos e abusos políticos e de pirotecnia há décadas. É uma teta de popularidade e visibilidade onde diferentes políticos buscam mamar.

Cada tostão de repasse, cada parafuso que aparece é acompanhado por uma fila de “pais da obra”. Cada crise é acompanhada por um silêncio sepulcral das autoridades. E neste quando o governo do Estado alisa com uma mão enquanto bate com a outra.

O mais absoluto descaso pela solução administrativa é acompanhado por gastos absurdos e suspeitos, por escândalos e embromações, por discursos e audiências em que os problemas se acumulam.

Equipamentos, reformas, estruturas mínimas como lavanderia para hospitais e um caos que já foi das filas absurdas no corredor aos leitos sem cobertores suficientes acompanham uma história em que funcionários, alunos, médicos e pacientes precisam buscar o poder público como servos à espera de momentos de luz e bondade de seus senhores.

E uma fila de políticos locais e visitantes engrossa esta baderna.

A Famema precisa de investimentos que são ínfimos em relação ao orçamento. A Famema precisa de medidas administrativas que simplesmente não entram na programação das repetidas gestões. A Famema precisa de revisões de orçamento, de políticas de longo prazo e de prazos estabelecidos para cada avanço.

Nesta quarta-feira, menos de 30% dos funcionários que prestam serviços no complexo vão voltar para casa com injustos e quase inúteis 3,5% de reajuste nos salários. E os outros 70% voltam para suas famílias sem nada de correção porque há quase 30 anos o governo do Estado arrasta uma solução.

E a fila de políticos em torno deles e da Famema não se manifesta. A fila de prefeitos que dependem desta estrutura não se manifesta. A fila de pacientes que todos os dias batem à porta e são atendidos por estes trabalhadores não se manifesta.

A Famema precisa de um programa honesto, sério e eficiente de investimentos e soluções, que envolva planejamento de prazo em que cada setor saiba de suas responsabilidades e conquistas, em que cada cidade que usa o serviço defina e cumpra sua cota de participação e que menos gente apareça sorrindo nas fotos de audiências e esteja.

Precisa de respeito como instituição e prestadora de serviços essenciais.


Giro Marília -Rogério Martinez
Rogério Martinez
Jornalista, editor do Giro Marília

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