Colunista | Rogério Martinez

Situação e oposição colocaram a epidemia na campanha eleitoral. Veja bem, é diferente de fazer política. Isso é feito todo santo dia, sempre que o prefeito determina um gasto ou a cada discurso, votação na Câmara ou ato público da oposição.

É eleitoral quando a prefeitura divulga de forma isolada e pessoal um empresário como dono de imóvel com criadouro, logo o empresário que acusa a prefeitura de manter um contrato caro e pouco útil com uma empresa despreparada para enfrentar a epidemia. A cidade tem dezenas de multados por causa da dengue. Todos serão identificados em publicações oficiais?

E não se questiona aqui se a fiscalização tem a mesma força, presença, convite à imprensa para imóveis de empresários ou outros que sejam amigos da administração.

Mas também é viés eleitoral puro quando o empresário transforma em um ato de divulgação pessoal a grave denúncia, inclusive antes de encaminhar o caso para qualquer investigação. Foi um ato para desgastar o prefeito e ponto. E aí, depois do desgaste feito, ver se há como ilegalidade ou pensar em recuperar o dinheiro público.

Não soa discurso na contramão?

Com a denúncia adequada, o sigilo adequado, o “flagrante” do empresário poderia ter sido do Ministério Público ou polícia, com efeito legal e jurídico maior?  

Não consta que a operação lava-jato tenha sido um sucesso por que alguém saiu balançando os documentos no Congresso dias antes de o caso chegar à PF.

Por que a investigação aqui seria diferente?

Isso sem falar que o empresário é um dos principais articuladores da frente única de oposição, que, como o nome diz, é criada, estabelecida e organizada para fazer oposição, escolher um candidato contra o prefeito.

A forma escolhida para denunciar a empresa terá sido só isso, uma forma de fazer oposição ao prefeito antes de fazer base para uma investigação judicial adequada?

E antes que me acusem de defender o prefeito, espero a investigação completa do caso, gostaria de ver o Ministério Público mais firme e presente tanto no controle do contrato quanto no acompanhamento da epidemia.

A subnotificação dos casos, outro escândalo em meio à epidemia, ganhou todo suporte da saúde estadual.

A oposição quer o julgamento do governador ou sua assessoria por isso? O PSDB quer a investigação criminal e civil do governo estadual como se pede em Marília sobre a prefeitura? O PMDB vai mostrar uma oposição forte e firme para investigar na Assembleia? Ou só vale para Marília?

Acontece aqui o que acontece em nível nacional com a presidente Dilma Rousseff e seus escândalos. Apuração, repercussão e respostas, lá e cá, são tratadas como terceiro turno da eleição passada ou, na falta dele, um turno antecipado da eleição que vem.

A prefeitura é um palanque permanente, cheia de ações e momentos que dão visibilidade e permitem inflar a popularidade do prefeito e sua potencial candidatura à reeleição.

A epidemia deu para a oposição o discurso e palanque que ela não tinha. Uma chance de ser ouvida além dos mais de 30% de eleitores que não votaram em Vinícius.  

Mas afinal, e o controle da epidemia? Bem, nem um lado nem outro tem qualquer solução próxima.

A prefeitura controla o orçamento e as medidas práticas de controle. Tem responsabilidade e obrigação de mostrar resultados. A oposição pode e ganharia respeito se ajudar mais, seja na mobilização, na divulgação de informações ou na oferta de suporte às medidas oficiais.

O lado bom – se é que ele existe – desta campanha eleitoral antecipada é que o eleitor ganha chance de debate, tempo para pensar, inclusive decidir o peso não só da epidemia e da postura de cada um durante o problema, mas também o peso de todo o resto de trabalho e capacidade para trabalhar antes de decidir em quem vota.

Até lá, vigie seu quintal (da sua empresa também), plante crotalária (mantenha os animais domésticos longe da planta) e continue usando repelente.


Giro Marília -Rogério Martinez
Rogério Martinez
Jornalista, editor do Giro Marília

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