Colunista | Viviane Gonçalves

Que horas ela volta?

Ela volta?

Não, ela não voltará.

Decidiu partir há muito tempo, na verdade tinha partido e ninguém percebia.

Perguntaram-lhe em certo momento o que a fazia feliz, não sabia responder.

Parecia que tinha nascido sem talento para a felicidade.

Olhava as pessoas ao redor, as amigas, colegas, sua família.

Tentava ler no rosto, olhos, bocas, nos sorrisos dos outros a felicidade.

Não entendia o que a diferia dos demais.

Lia Adélia e ressoava em sua mente a frase  nem tão feia que não possa casar.

Ela não voltava.

Parecia viver num mundo paralelo, por vezes, que estava num lugar alto onde observava tudo e todos.

Mas nunca estava presente de fato.

Se juntava às pessoas em rodas de bares, encontros intimistas. Mas nunca estava presente.

Seus sorrisos eram artificiais, sua felicidade, seu riso, eram simulacros.

Deixou de confiar nas pessoas, foi  maltratada em sua inocência. Não conseguia ser meio termo. Só amava se desse a alma. Não sabia lidar com o pouco, nem na ida, nem na volta.

Ela ia junto com todos no mesmo barco, fingia interesse na vida, fingia que se divertia.

Que horas ela volta? Ela não volta.

Ela nem veio, você achou que  a encontrou  mas nunca esteve presente.

Ela ri e você acredita que está aí.  Mas voou faz tempo.


Giro Marília -Viviane Gonçalves
Viviane Gonçalves
Cientista social formada pela Unesp-Marília, uma curiosa nos estudos que se referem às mulheres, adora literatura, filmes e poesias - que aprendeu a gostar com a mulher que via bordados no chão. Acredita que Adélia Prado tinha razão, mulher é mesmo desdobrável.

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