O céu, o homem e a terra. Três elementos básicos e interligados no ikebana formam um conjunto harmonioso capaz de promover o equilíbrio e paz interior. Para apreciar e conhecer um pouco mais desta arte milenar, que vivifica a natureza, a professora Maisa Ayako Komatsu e alunas realizam a partir desta sexta-feira (20/4), às 20h, a 34ª Exposição de Ikebana Ikenobo, durante o Japan Fest. A mostra estará montada em pavilhão na sede campestre do Nikkey Clube de Marília, até domingo (22/4).

A exposição é uma realização da Associação de Ikebana Kado Ikenobo Tatibana da América Latina, presidida por Emilia Tanaka, sempre presente nos eventos da cidade. A exposição também é uma referência a expoentes do ikebana em Marília, como Rosa Kodama que deixou o ensinamento a Rosa Hatsumura e à professora Maísa Komatsu que mantém viva a prática com grupos de alunos em Marília e Tupã.

Nas últimas semanas os grupos se concentraram na estruturação da exposição. Semana passada, em Marília, as alunas Tereza Sato, Assako Suzuki, Elizabeth Melges Pavan, Rosane Aparecida Mendes Hashimoto, Celina Akiko Hara Okaji e Hiroko Kinoshita falaram sobre o prazer em praticar o ikebana. Elizabeth Pavan e Assako fazem aulas há 20 anos, “não tem fim, enquanto a professora Maísa trabalhar continuaremos frequentando. Viver em meio às flores é muito bom. A cada dia muda e a gente entende mais, conhece outros tipos de flores, arranjos, o porque colocar cada elemento, o significado, estamos sempre aprendendo  algo novo.”

Para Assako, tem de estar em prática para obter sucesso. “Estamos no outono, depois vem o inverno, surge outro tipo de material e assim sucessivamente conforme as estações do ano”, enfatiza.


No Japão, os arranjos tem dia próprio. No Dia do Menino, por exemplo é um tipo de ikebana, diferente do Dia da Menina. O lugar onde coloca, a disposição do arranjo, virado para a porta, tudo tem um sentido, regras, harmonia, conceitos de boas vindas.

Elizabeth Pavan diz que com a tecnologia as alunas buscam conhecimento além das aulas, na internet; compararam o ikebana tradicional com os mais contemporâneos sem perder a essência. Acompanham o que se está fazendo no Japão. A prática apura o gosto artístico, o observar nuances e detalhes de cada elemento. É sempre um desafio e um olhar mais crítico à natureza e à própria técnica.

Uma paciente do psiquiatra José Antonio Pavan agradeceu a “generosidade de toda semana poder olhar o arranjo”, colocado no consultório dele pela esposa Elizabeth. E é esta também a destinação do ikebana, harmonizar, reavivar a natureza, o belo, permitir que o espectador perceba o sentimento colocado em cada elemento.

Para um bom resultado, as alunas falam em “por o coração” no momento do desenvolvimento desta arte, que também exige busca de conhecimento e dedicação frequentes.

Para a experiente Hiroko Kinoshita, a atividade trabalha a mente, exige o pensar, o que só melhora a condição humana.

A empresária Rosane continua a levar a filha Julia, 2,5 anos para as aulas, assim a menina já mantém contato com a natureza. Semanalmente elabora ikebanas para a própria casa e a agência do marido.

Semana passada, Celina se preparava para além dos arranjos, atuar como oradora da turma, nesta exposição, no Japan Fest. Na abertura, deve enfocar a arte de vivificar, os momentos próprios, de se sentir artista, a terapia que resulta da prática desta arte de 556 anos, o prazer de sentir o belo, o equilíbrio e o harmonioso, a paz que remete a cada um ao admirar um ikebana. “Aqui nos tornamos uma família”, frisou a dentista.

Tereza Sato lembrou que conforme o material sofre mais. Ela avançou no  formato – saiu do livre e do shoka para o rikka e encontrou dificuldade no trabalho com arame. É preciso muita paciência, diz ela.

Atualmente Maísa Komatsu tem apenas um aluno entre as mulheres, mas no Japão o Ikebana começou com os monges, o que comprova que a prática não distingue sexo ou idade. Crianças podem se desenvolver e se harmonizar muito mais com o contato com as flores e plantas, através desta arte. A professora se diz preocupada em conseguir amigas que possam dar continuidade a prática.

Neste domingo, último dia da exposição, haverá a partir das 15h, uma oficina aberta ao publico, que poderá levar o arranjo para casa. Esta é também uma maneira de estimular as pessoas a conhecerem nomes de plantas e flores e proporcionar o contato com o ikebana, para quem sabe, integrarem o grupo de futuros alunos e praticantes.

A professora Maísa mantém turmas de ikebana às segundas-feiras às 9h, 15h e 16h30 e às quintas-feiras, às 10h. Contatos podem ser feitos pelo telefone (14) 3433-3973.

Serviço
34ª Exposição de Ikebana Ikenobo – Japan Fest/Nikkey Clube de Marília
Abertura: dia 20, às 20h
Visitação: dia 21, a partir das 16h; dia 22, a partir das 12h
Demonstração/oficina: dia 22, às 15h