Um levantamento do pelo biólogo e gestor socioambiental mariliense Dafran Macário mostra uma dívida histórica que a região ignora e deveria incluir na rede de ensino: a ocupação indígena e um extermínio que transformou a região em marco para muitos projetos de proteção antes mesmo de áreas como Xingu.

Uma publicação com um breve histórico e os poucos dados oficiais sobre morte, desmantelamento e as primeiras medidas de proteção a diferentes povos indígenas repercute nas redes sociais com dezenas de reações e compartilhamentos.

Dafran conta que a expansão, ocupação e especialmente evolução das ferrovias foi acompanhada por mortes, desmantelamento de comunidade indígenas e as primeiras reações oficiais, atrasadas

Consultor na área com atuação em todo o país, o que inclui alguns anos de atividade para a Funai, Dafran diz que houve um genocídio indígena em pleno século XX, responsável por uma “limpeza” étnica.

Mostra que por força destas ações, a região teve ações pioneiras, como a criação da  Terra Indígena Araribá, localizada nos municípios de Avaí e Duartina, em 1913, a primeira terra indígena delimitada pela República brasileira.

Também foram realizados aqui os primeiros estudos antropológicos no Brasil. “Lá vive e trabalha uma população indígena formada por representantes Tupi-Guarani e Terena, além de descendentes dos sobreviventes Kaingang que habitavam a região”, conta.

A íntegra do texto pode ser acessada na página de Dafran no Facebook. O pesquisador diz que há poucas informações oficiais e existe previsão legal de programas de educação que façam o resgate desta história.

Biólogo e gestor socioambiental Dafran Macário defende estudos de cultura indígena nas escolas

Giro Marília - Este extermínio de índios em todo o Estado é bem documentado ou foi muito velado?

Dafran Macário - Muito pouca documentação, inclusive nos meios acadêmicos.

Giro Marília - Como vê as ações dos municípios para reconhecer a influência indígena e o extermínio na região.

D.M. - Ainda não ocorrem ações municipais neste sentido, além daquelas velhas e pobres atividades de comemoração de "dia ou semana do índio". Mas já se esboçam iniciativas neste sentido em alguns planos de governos de alguns partidos e candidatos.

Giro Marília - De que forma a educação pública poderia inserir essa questão na formação dos alunos?

D.M - A obrigatoriedade de se tratar o tema nas salas de aula já existe no MEC, a partir da regulamentação da Constituição de 1988, no entanto os professores ainda não foram devidamente capacitados para desenvolver a temática! É preciso se investir na sua formação e capacitação.

Giro Marília - Como foi sua experiência com a Funai e como vê as políticas públicas para a população indígena no país?

D.M. - Houve, com a reestruturação do serviço público federal, a partir de 1988 até 2016, muitos avanços na legislação, estruturação dos ministérios (MEC, MINC, MMA etc), fundações e secretarias especiais federais (FUNAI, SESAI, Museu do Índio etc) e muita coisa avançou, naquele momento. No entanto, a partir de lá, o que se tem visto é um grande retrocesso e uma desconstrução propositada de toda esta política.