Marília perdeu nesta segunda-feira o oftalmologista Osvaldo Doreto Campanari, 91, ex-deputado federal, uma das principais lideranças políticas da cidade nas décadas de 70 e 80 e uma referência na luta contra a ditadura em toda a região.

Doreto estava internado na Santa Casa de Marília com diagnóstico de Covid. Nasceu em Marília, formou-se em medicina pela Universidade Federal do Paraná e retornou a Marília para uma longa carreira como oftalmologista, que envolveu atendimento também na região, quebrar barreiras em situações como cirurgias de catarata em mutirões e muitas outras formas de serviços a pacientes.

De modo paralelo a esse desenvolvimento profissional, iniciou uma carreira política com histórico de seriedade, vários mandatos e grandes enfrentamentos nacionais.

Lutou contra a Ditadura Militar em uma época que pouco se falava disso na região. Viajou em pequenos carros com grandes líderes, como o ex-governador de São Paulo Mário Covas, já falecido, e outros nomes que fizeram história no PMDB. Com a redemocratização do país, ampliou sua atuação em toda a região, até conseguir os mandatos no Congresso.

Doreto foi vereador, deputado estadual, deputado federal e em 1986 foi eleito para deputado federal constituinte. Atuou em diferentes comissão, mas especialmente na de combate a questões de preconceito e inclusão.

Ganhou visibilidade nacional em conflitos com o ex-governador Orestes Quércia, com quem o deputado mariliense rachou a ponto de perder apoio e articulação para uma potencial candidatura a prefeito em 1988.

Sem reeleição no Legislativo, Doreto ainda tentaria uma candidatura a vice-prefeito pelo PT e mas nunca se afastou do debate político e da participação na vida pública da cidade.

Por conta de todo esse histórico, acumulou situações de homenagem e reconhecimento, a mais recente delas com a entrega da medalha do Mérito Cívico, feita pela Câmara de Marília no ano de 2018.

Casado com dona Ester, pai de cinco filhos, o oftalmologista enfrentou em 2019 um período de internação e acompanhamento depois de ter sofrido um AVC, além de outros problemas de saúde que tiraram dele a mobilidade e mesmo a capacidade de se comunicar com os amigos e admiradores que ainda frequentam sua casa, no bairro Salgado Filho.

A residência, que abrigou tão bem a família, foi também um grande centro de encontros políticos, de articulações, de homenagens a diferentes categorias e um espaço em que o médico podia falar de seu trabalho, receber amigos, apoiadores e aliados políticos em geral. Ainda não há informações sobre sepultamento.



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