21/10/2021 as 19:25h por: Saúde
Terminou empatada a votação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) sobre o relatório contrário ao uso do "kit covid" - medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença. Foram 6 votos favoráveis e seis contrários após cinco horas de debate. Cinco secretarias do Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina (CFM) votaram contra o parecer que rejeita o uso do Kit Covid. Agora, o relatório será colocado em consulta pública e, depois, será analisado mais uma vez pelo colegiado para novo posicionamento.
Votaram contra o parecer do corpo técnico: Secretaria Executiva do Ministério da Saúde; Secretaria de Saúde Indígena; Secretaria de Atenção Primária; Secretaria de Atenção Especializada à Saúde; Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (Sgtes); e o CFM. Votaram a favor: A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Conselho Nacional Saúde (CNS); o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass); o Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems); a Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério; a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério.Em nota, a Anvisa justificou que seu representante participou da sessão, mas estava ausente no momento da votação por estar em trânsito entre São Paulo e Brasília. Segundo a agência, Gustavo Mendes participou de forma on-line até 12h40, quando informou à plenária que se ausentaria para pegar um voo. Às 14h20, quando entrou novamente na reunião, o representante soube que o relatório já havia sido votado.
O empate pode ser considerado uma vitória para o presidente Jair Bolsonaro que insiste na defesa de medicamentos comprovadamente ineficazes para o tratamento da Covid-19. O documento elaborado por técnicos era contrário à posição do presidente. Há cerca de duas semanas, o Planalto determinou que o ministro Marcelo Queiroga evitasse que o texto fosse apreciado na reunião da Conitec de 7 de outubro, a fim de que o documento não fosse utilizado como mais uma evidência contra o governo na CPI da Covid. Ao retirar o documento de pauta, no entanto, o Ministério da Saúde afirmou que a medida foi motivada pela "publicação de novas evidências científicas dos medicamentos em análise." Segundo a pasta, o documento seria "aprimorado".
O GLOBO questionou o Ministério da Saúde sobre a decisão da Conitec, mas não obteve resposta. A reportagem também perguntou ao CFM sobre sua posição, mas o órgão também não respondeu.