A assistente social Marília Mazeto, profissional de Marília que após muitos anos de atividade na cidade transferiu sua atuação para São Paulo, participou por duas vezes de encontros e atendimento para organizar o modelo de assistência pós-emergencial a famílias atingidas pela tragédia da Vale em Brumadinho, Minas Gerais.

Maríia Mazeto respondia até a sexta-feira passada pela Diretoria de Proteção Social Básica e Especial na Secretaria Nacional de Assistência Social, vinculada ao Ministério da Cidadania. Deixou a função por pedido pessoal, mas antes fez duas viagens à cidade vítima do maior acidente com rejeitos de mineração no país.

“Estive por duas vezes logo após o acidente. O ministério solicitou que conhecesse a politica da assistência de Brumadinho e traçar plano para fortalecer planos da atenção básica e da atenção social, com mais quatro companheiros, cada um de sua área de atuação”, explica a assistente.



Segundo Marília Mazeto, o atendimento pós-emergencial envolve as duas áreas de enfoque das políticas de assistência: o atendimento básico, com prevenção, proteção e fortalecimento de vínculos das famílias, e o atendimento especializado, para o caso em que direitos sociais já foram rompidos, como perda de familiares, perda das moradias e tudo o que envolve a história de vida das vitimas.

“O depois é trabalhar com famílias que tiveram vidas, historias perdidas. É uma cidade pequena e cada um lá perdeu alguém, isso é muito presente nas falas das pessoas”, conta Marília Mazeto.

Na primeira viagem, ela ficou por três dias na cidade. Além de conhecer o impacto nas áreas atingidas – a região da cachoeira e do Córrego do Feijão – também acompanhou a estrutura e a organização dos serviços na cidade, que não foi diretamente afetada pela enorme onda de lama e rejeitos.


“Pudemos conversar com as equipes, como é o preenchimento do prontuário, atuar junto com Ministério Público, Prefeitura, a secretária interina de Assistência, porque a secretária veio a óbito na tragédia, além da Defesa Civil, FAB e outras secretarias.”

Mazeto destaca que a área urbana foi muito atingida com impacto indireto: perdas para economia da cidade, tecido social desgastado e perdas de vidas. “Mas a parte mais atingida diretamente foi a rural.”

“Pude conversar com alguns e é muito angustiante, muito triste, muita história de vida que se perde.”

A assistente destaca que os governos da cidade, Estado e União vêm trabalhando juntos e atendendo do melhor modo possível.

“Em um segundo momento fui para a gente ver o processo de contratação de assistentes e psicólogas para atendimento a esse publico. Então a equipe que está no ministério vai estar lá nesta terça. Já não faço mais parte do quadro da secretaria nacional mas deixamos encaminhado para um apoio técnico, temos instrumentos para trabalhar com a pós-emergência.”

Mazeto explica que não há tempo definido para esta fase, “Ficamos e atendemos todos aqueles que necessitam. A assistência social trabalha junto com saúde, com educação e vamos fortalecendo o município.”



Ela conta que voltou da segunda viagem, na última quinta, mais tranquila de saber que as equipes publicas, os atendimentos, estão efetivados de acordo com o fluxo, o apoio do Estado e do Governo Federal

“Foram feitos três pontos de apoio, na parte da cachoeira, no córrego do Feijão e no centro. Esta sendo organizado o prontuário emergencial de todas as famílias e a posteriori a Secretaria Nacional está trabalhando com um sistema para inserir todos os dados e ter realmente o diagnostico das pessoas atendidas.”

A gestão central do serviço está na mão do município. É muito mais que o trabalho de assistencialismo, como doação de roupas ou comida e montagem de abrigos.

É um trabalho de reconstrução pessoal e psicológica das famílias, de reorganização de rotinas que vai do acompanhamento à emissão de documentos, regularização de cadastros, atuação entre setores com fortalecimento de todas as politicas públicas em saúde, educação, judiciário, conselho tutelar e mais.


 



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