Aos 3 ou 4 anos de idade, quando ainda morava no sítio, Maisa se encantava com os arranjos que a mãe, Takano, preparava. Ela descobria da forma mais tradicional possível o ikebana Missouri, uma das formas de arranjos florais com origem no Japão e que ganharam o mundo.

Não tinha flor como hoje, vaso, kenzan. Fazia com forquilha, no bule de café e usava a flor que dispunha com a própria folha e algum outro elemento da natureza.

A professora Maisa Ayako Komatsu cresceu nesse meio, encontrou novas referências e após 48 anos de prática é ela a inspiração para novas gerações que descobrem o ikebana ikenobo, a mais tradicional escola dos arranjos.


Aos 81 anos, Maísa tem clara a lembrança do ikebana no bule de café. A mãe também era professora de japonês, mas os arranjos marcaram sua vida, sempre ligada às plantas, principalmente os galhos retorcidos.

Em 1971, já casada e com dois filhos – Ricardo e Sérgio – foi fazer aula de culinária japonesa com Rosa Kodama. Lá se deparou com o ikebana ikenobo.

“Naquela época não tinha internet, televisão... foi difícil começar. Para me sentir mais segura foi praticamente uma década de prática”, diz ela que aposta no estímulo desde a infância para manter viva esta arte milenar.

Atualmente é a única professora de ikebana ikenobo em Marília e quer manter o legado de Rosa Kodama. Espera poder passar às alunas – já professoras das turmas de Marília e Tupã, – que formou ao longo de décadas, como foi estimulada por Emilia Tanaka (filha de Rosa), a fazê-lo.

Ela conta que numa visita de Rosa Kodama à sua casa, a professora se deparou com o espaço e jardim e determinou: “Aqui você vai dar aula”.

Começava a jornada de sensei que persiste até hoje. Na época eram duas professoras de Ikebana Ikenobo, em Marília – Rosa Kodama e Rosa Hatsumura.

Em 1985 participou de uma exposição em encontro de professores de Kyoto, em Buenos Aires/Argentina e a partir de 1986 se fez presente em todos os cursos que professores japoneses ministraram em São Paulo.

Em 1988 começou a atuar como sensei e entre as alunas estavam Hiroko Kinoshita e Maria Onishi. Em 1997 foi Kyoto/Japão. “A gente não se valoriza e lá os professores me fizeram ver que eu estava no caminho certo”, diz ela.

Em 2000 também esteve em Lugano/Suiça, para estudo e uma exposição mundial, onde sua arte foi registrada em livro. Foi graduada pelo grão mestre Sen Ei Ikenobo - 45° Geração.

“Não posso parar. As mais novas têm de pegar e dar continuidade. Muitos começam e param. Sinto-me feliz, foi a melhor coisa que fiz, mexer com plantas. Você começa e não imagina, da montagem sai sempre o inesperado. Melhor mexer com plantas e flores, sentir a beleza que existe, a energia que tem”.

De um elemento simples parte a busca e Maísa é grata pelas pessoas que se interessam, pelas alunas que persistem. Destaca a bondade que existe em cada um, nas trocas de elementos e materiais. “ A gente tem que ensinar bondade”, enfatiza.

O jardim da casa de Maísa “era tão lindo”, tinha lago, carpas coloridas, grama. Hoje é uma fonte de riqueza natural, com centenas de espécies de plantas e flores que servem ao ikebana.

“Precisa gostar muito, leva tempo e dedicação. Ikebana é muito antigo e não pode deixar acabar, a gente vai se aperfeiçoando”, enfatiza a sensei que lembra até o uso de frutas nos arranjos, mas sempre destacando a arte. “O cristal não transmite o que a planta faz, o ikebana parece que vem do coração”.

Maísa Komatsu mantém turmas de ikebana às segundas e quintas-feiras. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (14) 3433-3961.



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