Delegado titular da Dise mira redes do tráfico e explica operações em Marília

Marília - O delegado João Carlos Domingues, titular da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de Marília e responsável por série de operações nos últimos meses, conta em entrevista ao Giro Marília que o foco é desmantelar redes de distribuição de drogas.

Além disso, ampliar integração com PM (Polícia Militar), especialmente pelo Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia).

Foram casos como a operação que cumpriu 11 mandados de buscas em setembro ou a prisão do ‘casal do tráfico‘ em outubro. Nos dois meses ainda recolheu 70kg de drogas em redes locais.

Mostrou ainda a presença nas ruas da delegacia que em 2024 ganhou visibilidade nacional com um megainquérito de 28 réus na Operação Sinthlux. Veja a entrevissta

‘Movimento das organizações’

Giro Marília – Houve um aumento na atividade do tráfico ou aumentou a eficácia das investigações?

João Carlos Domingues –De fato, observamos um incremento nas ocorrências relacionadas ao tráfico de entorpecentes. Não só nas zonas norte e sul de Marília, bem como em outras localidades, o que reflete um movimento de adaptação constante das organizações criminosas. Entretanto, o fator determinante para o sucesso das recentes ações foi a intensificação do trabalho de inteligência. E além disso a integração efetiva entre a Polícia Civil, por meio da Dise, e da Polícia Militar, através do Baep que sempre tem participado das nossas ações.

Giro Marília – As apreensões envolve drogas para abastecimento local, em Marília e região, ou a cidade estava sendo usada como um corredor de distribuição?

Delegado mira redes do tráfico em Marília em operações da Dise e integração com PM
Delegado mira redes do tráfico em Marília em operações da Dise e integração com PM

João Carlos Domingues – As investigações demonstram que tinham como principal finalidade o abastecimento do próprio mercado local e região.A atuação da DISE é direcionada à desarticulação das redes de distribuição que operam dentro do município e das cidades vizinhas. Assim, identificando tanto os responsáveis pelo armazenamento quanto aqueles que fazem a intermediação e a venda.

Nosso foco é justamente esse: combater o tráfico de drogas em sua dimensão mais direta. Aquela que afeta o cotidiano das comunidades e fomenta outros tipos de criminalidade.

João Carlos Domingues, delegado titular da Dise

‘Alinhamento estratégico com a PM’

Giro Marília – Como funciona na prática essa integração com a Polícia Militar e o BAEP. Como funciona, na prática, essa cooperação?

João Carlos Domingues – É resultado de um alinhamento estratégico para o enfrentamento efetivo da criminalidade, em especial do tráfico. Na prática, essa integração se traduz em constante troca de informações, planejamento conjunto e atuação coordenada em campo.

Giro Marília – As investigações começam na DISE e o apoio operacional é solicitado à PM e BAEP, ou as informações de patrulhamento ostensivo da PM também têm gerado investigações para a Civil?

João Carlos Domingues: – No caso específico das últimas operações, as investigações tiveram início na Dise. São levantamentos próprios de inteligência policial, cruzamento de informações e monitoramento de alvos que identificamos.

A partir do avanço das apurações e da definição dos pontos de ação, solicitamos apoio da Polícia Militar e do BAEP. E essa participação é fundamental na execução segura e eficaz das diligências.

Porém, é importante destacar que essa integração é de via dupla. As informações em patrulhamentos e abordagens realizadas pela Polícia Militar também alimentam novas linhas investigativas. O resultado é um ciclo de cooperação contínuo e produtivo, que fortalece o combate ao tráfico e aumenta significativamente a eficiência das ações policiais em Marília e região.

Delegado titular da Dise detalha operações contra redes do tráfico em Marília
Delegado titular da Dise detalha operações contra redes do tráfico em Marília

Conexões do tráfico

Giro Marília – As operações abrangeram várias regiões da cidade. Há alguma conexão entre os grupos ou facções distintas e independentes?

João Carlos Domingues – Embora alguns grupos atuem de forma aparentemente independente em determinadas regiões da cidade, há sim conexões entre eles. Seja por meio do compartilhamento de fornecedores, de pontos de venda ou de logística de distribuição. O tráfico de drogas, mesmo quando fragmentado territorialmente, tende a operar dentro de uma estrutura de cooperação e dependência mútua, em que cada núcleo exerce uma função específica dentro do esquema.

Giro Marília – O perfil do tráfico, seja pelo tipo de droga ou modo de ação, difere nas regiões?

João Carlos Domingues – Não há diferença significativa entre o perfil do tráfico praticado nas zonas norte e sul de Marília. O modus operandi, o tipo de droga e até mesmo as formas de distribuição seguem um padrão bastante semelhante. Em ambas as regiões, observamos estruturas bem definidas de distribuição, armazenamento e venda.

Giro Marília – Essas operações recentes conseguiram atingir as lideranças e o “dinheiro” do crime?

João Carlos Domingues – Sem dúvida, nosso trabalho vai muito além das prisões em flagrante. A Dise direcionado grande parte de seus esforços para descapitalizar o tráfico, ou seja, atingir o núcleo financeiro que sustenta essas atividades criminosas.

Operação de longo prazo

Giro Marília – Estas prisões recentes são casos isolados ou fazem parte de uma operação maior e contínua? A população pode esperar mais ações desse tipo nos próximos meses?

Dr. João Carlos Domingues: Essas prisões não são fatos isolados. Elas integram um trabalho contínuo, que há muito tempo mantém uma atuação permanente no combate ao tráfico de drogas em Marília e região. O que ocorreu nas últimas semanas é o reflexo de esforço concentrado e investigações de longo prazo. Nosso objetivo é justamente manter esse ritmo, intensificando as ações, ampliando o alcance das investigações e promovendo respostas rápidas e eficazes à criminalidade.

Giro Marília: Que mensagem o senhor eixa para a população de Marília que se preocupa com o avanço do tráfico de drogas?

Dr. João Carlos Domingues: A mensagem é de confiança e cooperação, o combate ao tráfico de drogas é uma missão permanente da Dise. Trabalhamos com dedicação, técnica e firmeza para reduzir os danos que essa atividade criminosa causa à nossa cidade e à nossa juventude. Mas é fundamental destacar que o apoio da sociedade é decisivo. As informações de forma anônima, a colaboração dos cidadãos e a confiança nas instituições de segurança fortalecem nosso trabalho.