O empresário Ivo Noal, que por muitos anos foi identificado como ‘o maior bicheiro de São Paulo”, pode perder uma mansão milionária de frente para o mar em Ilhabela para pagar uma dívida de pensão alimentícia a um rapaz de 22 anos em Marília, seu neto, herdeiro direto de Ivo Noal Filho
A ação de cobrança atravessou uma maratona de investigações e tramas que renderiam uma novela mexicana. Segundo o advogado Osvaldo Segamarchi Neto, que representa o rapaz no processo, foi preciso atravessar uma blindagem de documentos e suspeitas de fraudes para provar que a mansão pertence a uma empresa ligada a Ivo Noal e a partir disso conseguir o leilão.
Toda essa trama foi elucidada pela 2ª Vara da Família em Marília e envolveu investigações no Mato Grosso, Paraná e em Ilhabela. Para o advogado, o caso pode nem terminar com o pagamento da pensão por envolver suspeitas de fraudes em registro de imóveis, documentos em cartórios e prefeitura.
A mansão, avaliada em R$ 17 milhões, será leiloada como parte de um terreno de 42 mil m², desapropriado para fins de pagamento em um processo que se arrasta desde 2012. Os lances para o leilão começam no dia 24 deste mês. As informações sobre o imóvel e os procedimentos para o leilão estão no site da empresa responsável pela venda.
A dívida é muito menor que a avaliação da casa, mas ainda assim é um valor responsável: algo em torno de R$ 850 mil por longo período de tempo em que o neto de Ivo Noal, identificado pelas inicias JVDN ficou sem receber a pensão.
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Ele nasceu após um relacionamento amoroso entre sua mãe, representante comercial, e Ivo Noal Filho, o filho do bicheiro, quando ela morou em São Paulo. A mulher voltou com o filho para Marília e iniciou a disputa judicial.
Depois de conseguir o reconhecimento da paternidade, a pensão foi fixada em três salários mínimos por mês – algo próximo de R$ 3.000 em valores – atualizados. Mas em 2012, quando o menino tinha 16 anos, os repasses teriam sido paralisados.
Ivo Noal, hoje com 82 anos, alegou no processo que o imóvel pertence a uma filha e por isso não poderia ser penhorado. Mas a transferência do imóvel aconteceu só em 2015, três anos depois de iniciado o processo de execução, e a justiça tratou a transferência como caso de fraude à execução.
A propriedade na ilha foi comprada por ele em 1985. Na época Noal era uma celebridade como defensor do jogo do bicho e já um empresário de muito sucesso, que inclusive cogitava concorrer ao cargo de deputado federal constituinte, um projeto que acabou frustrado.
