Marília

Instituto atrasa exames e camufla dengue em Marília; especialista elogia cidade

Instituto atrasa exames e camufla dengue em Marília; especialista elogia cidade

Quase dez dias depois de oficializada a informação de uma epidemia de dengue em Marília, a análise de dados sobre a doença na cidade está complicada por problemas estaduais: o Instituto Adolfo Lutz, responsável pelos exames em, São Paulo, está represando exames, acumula casos suspeitos da cidade sem respostas.

A Secretaria Municipal de Saúde divulgou no início da noite desta terça um boletim sobre número de casos da doença na cidade e aponta 401 pacientes confirmados com dengue contraída em Marília.

São 11 casos a mais em quase dez dias. Há ainda 12 casos importados. Mas a cidade tem aproximadamente 3.000 notificações de dengue com centenas de exames parados no instituto à espera de informações. Muitas das suspeitas já foram eliminadas, mas há quase um mês o instituto represa informações da cidade.

Não há explicações formais do Adolfo Lutz para a demora na liberação dos resultados, mas uma causa possível é o grande volume de exames de todo o Estado. São Paulo vive epidemias bem maiores que a de Marília em grandes centros, como Bauru – que tem 15 mil casos e 17 mortes – e Rio Preto, além de cidades menores.

O acompanhamento dos números e da evolução da doença é um dos indicadores usados pelos serviços públicos para direcionar as ações de controle dos casos e da proliferação do mosquito Aedes aegypti, mas não é a única.

ARMADILHAS

O boletim desta terça foi acompanhado pela informação de uma visita do pesquisador boliviano José Joaquim Carvajal, que integra uma força tarefa internacional de combate à doença e que testa novas estratégias de combate ao mosquito.

Cientista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ele elogiou a estrutura da cidade, que está envolvida em um dos projetos de pesquisa aplicado em apenas seis cidades do país. Marília é a única no estado de São Paulo.

A ideia é usar o próprio mosquito para levar o veneno aos locais com água parada e de difícil acesso veio em boa hora. Isso só é possível com a instalação das armadilhas desenvolvidas no projeto.

A armadilha é bem simples: um balde com água forrado com um tecido preto, onde é aplicado o produto Pyriproxyfen. A aposta dos pesquisadores é que os próprios mosquitos levem esse larvicida a criatórios inacessíveis.

“Marília tem sido um excelente campo para essa pesquisa por ter uma rede de saúde ampla e organizada. Estamos aprendendo muito com a experiência no município e, inclusive, levando para outras cidades”, disse o cientista.