
Depoimentos da policial Adriana Luiza Silva, cabo da Polícia Militar, viraram peças chaves na investigação e acusação de homicídio contra seu marido, o coronel da reserva Dhaubian Braga Brauioto Barbosa, 57, acusado de matar Daniel Ricardo da Silva em uma crime passional em Marília.
Em duas manifestações oficiais à polícia, Adriana revelou uma coleção de armas do marido, que acabou apreendida; disse ter recebido de Daniel gravações que revelam casos extraconjugais do marido; relatou a fuga do coronel após o crime e depois confirmou a motivação passional: ela e Daniel tinham um relacionamento amoroso.
Dhaubian está detido no presídio Romão Gomes, destinado a policiais militares em São Paulo. Adriana segue na ativa na PM. É lotada em Oriente. Foi ela quem disse à polícia que o coronel mantinha coleção de armas e provocou a apreensão de um arsenal, ainda em investigação sobre regularidade dos registros.
As primeiras informações contra o coronel foram apresentadas logo após o crime, no dia 31 de outubro, um domingo. E revela que a trama que levou à morte de Daniel começou muitos dias antes.
“Adriana informou que Daniel é funcionário da construtora de seu companheiro…a vítima contou que Dhaubian tinha relacionamentos extraconjugais…pediu para que Daniel gravasse as conversas que tinha sobre o assunto”, diz um trecho da ordem de prisão expedida pela polícia.
O documento diz ainda que Daniel gravou conversas e no início de outubro. Adriana recebeu mensagens com estas gravações “confirmando as traições de Dhaubian”. Mas não soube dizer se o coronel sabia que foi gravado contando as histórias de seus casos.
Afirmou que no dia do crime estava em Assis e chegou em casa, uma chácara anexa ao motel em que o crime aconteceu, por volta das 7h. Daniel já estava morto e caído em uma via interna da propriedade.
Ele foi baleado pouco depois das 6h. Funcionários encontraram o corpo. Adriana disse à polícia que viu pelas imagens das câmeras de segurança o momento em que Dhaubian se aproxima de Daniel e a vítima cai baleada. V
Viu também o coronel deixar o local do crime – sem relatar o caso – em uma caminhonete Nissan branca. Outro depoimento informa que as imagens mostram o clarão do que seriam os três disparos que mataram Daniel e a fuga de Dhaubian na caminhonete.
“No curso das investigações, os policiais civis conseguiram acesso às mensagens, as quais foram gravadas por Daniel e confirmavam as traições”, diz o documento da Justiça.
Coronel da reserva Dhaubian Barbosa e o ajudante Daniel Silva
O relato não informa se as mensagens foram acessadas pela polícia no telefone de Adriana ou da vítima. O celular de Daniel foi removido e entregue aos policiais por um filho de Adriana.
O delegado seccional de Polícia Civil, Wilson Frazão, já informou que o local do crime foi “prejudicado” antes da perícia, ou seja, sofreu alterações que podem implicar até em investigação de fraude processual.
A confirmação de que a vítima e a esposa do coronel tinham um caso só apareceu dias depois. A própria Adriana admitiu em depoimento e o coronel, que prestou depoimento horas depois, disse à polícia que descobriu a relação, foi conversar com Daniel e a vítima teria feito menção de sacar uma arma.
Dhaubian fez três disparos com um revólver calibre 32. Dois atingiram Daniel pelas costas, nas nádegas e na região da cintura, e um atingiu de raspão. O ajudante morreu vítima da hemorragia provocada pelos ferimentos.