Economia

Ensino técnico favorece jovens no mercado de trabalho, diz pesquisa

Ensino técnico favorece jovens no mercado de trabalho, diz pesquisa Ensino técnico favorece jovens no mercado de trabalho, diz pesquisa Ensino técnico favorece jovens no mercado de trabalho, diz pesquisa Ensino técnico favorece jovens no mercado de trabalho, diz pesquisa
Ensino técnico favorece jovens no mercado de trabalho, diz pesquisa


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Jovens, de 18 a 27 anos, com diploma de ensino técnico têm mais oportunidades de emprego formal e mais chances de evolução na carreira do que aqueles que possuem apenas com o ensino médio completo. É o que aponta o estudo inédito realizado pela Fundação Roberto Marinho, Itaú Educação e Trabalho e Arymax e desenvolvido pelo Plano CDE, que será lançado nesta terça-feira (15).

A pesquisa foi feita com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad, do IBGE) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais, do Ministério do Trabalho ), além de questionários aplicados em 802 empresas dos setores de indústria, comércio e serviços, e entrevistas qualitativas com entidades de RH, associações de cooperativas e gestores de RH de empresas de grande porte.

Os dados mostram a importância do ensino técnico na inserção do jovem no mercado de trabalho. A taxa de ocupação é maior neste grupo em comparação com aqueles formados no ensino médio regular.

Cerca de 81,1% dos jovens com essa formação nessa faixa etária estão empregados ante 76,8% daqueles que têm o ensino médio. Eles também contribuem mais com a previdência: são 72,7% contra 62,5% do outro grupo.

Enquanto 51,4% dos jovens com médio estão empregados com carteira, este percentual sobe para 59% entre aqueles com técnico . Mas essa formação alcança apenas 5% dos jovens de 18 a 27 anos com nível médio.

Rosalina Soares, assessora de pesquisa e avaliação da Fundação Roberto Marinho, explica que, historicamente, o jovem enfrenta mais dificuldades para ingressar no mercado trabalho em razão da menor experiência. Por isso, a credencial faz diferença:

“A pesquisa mostra que 6 em cada 10 empresas reconhecem o ensino técnico como um diferencial na contratação. Esse jovem sai com mais conhecimento e mais preparado para relacionamento interpessoal e com inserção maior em carreiras de maior produtividade, como o setor de tecnologia. Ele vai ter um diferencial de salário de 19% maior, em média, do que o jovem com ensino médio”, explica.

O percentual de trabalhadores por conta-própria e sem carteira também é menor para quem tem a formação adicional.

A qualificação também aumenta a inserção em setores de maior complexidade e que remuneram melhor, como a indústria e serviços, a exemplo dos associados à tecnologia. Enquanto metade dos jovens (50,5%) com nível médio completo trabalham no comércio ou em serviços de menor valor agregado — como restaurantes, salões de beleza e serviços de entrega — esse percentual cai para 39,6% entre os profissionais com nível técnico.

Cerca de 17,7% dos profissionais com essa qualificação estão em TI, comunicação, serviços financeiros, imobiliários e administrativos) e indústria (19,6%), frente 13,7% e 17,6%, respectivamente, nesses setores com ensino médio completo.

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Evolução na carreira

Ainda segundo a pesquisa, 42% das empresas entrevistadas informaram que os jovens com formação técnica permanecem na empresa e evoluem de cargo. E 61% delas relataram ainda ter algum gestor que entrou na empresa como um jovem com formação técnica em nível médio.

As oportunidades são maiores nas empresas de grande porte. O levantamento aponta que 58% dascompanhias com até 49 funcionários tem algum gestor que já ocupou cargo técnico. O índice sobe para 79% entre empresas com 100 ou mais colaboradores.

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A pesquisa com as empresas faz parte de uma série de três estudos sobre a Educação Profissional e Tecnológica (EPT), com o objetivo de colaborar com a definição de estratégias efetivas para a expansão do ensino técnico no Brasil.

Desafios

Apesar da perspectiva positiva no mercado de trabalho para os profissionais com ensino técnico, a contratação desses profissionais é ainda um desafio para quatro em cada dez empresas. Isso porque há duas lacunas: essa formação alcança apenas 5% dos jovens de 18 a 27 anos com escolaridade de nível médio e as competências socioemocionais ainda ficam aquém do esperado.

O ponto promissor levantado pelo estudo é que parte do setor produtivo se mostra aberto a contribuir com a formação dos jovens, já que 53% das empresas declararam que poderiam oferecer formação prática para alunos de ensino médio/técnico, vagas de estágio ou aprendizagem (48%).

O estudo também registrou que 64% das empresas oferecem formação aos jovens de nível médio e técnico, sendo a maior parte com foco em conhecimentos técnicos específicos e uma minoria na formação para o desenvolvimento de habilidades comportamentais – ponto ainda sensível para as companhias, já que 8 em cada 10 relataram que os aspectos comportamentais são os que mais impactam na hora da demissão.

Para Rosalina, o novo Ensino Médio, que prevê a formação técnica, pode ajudar a alcançar a meta do Plano Nacional de Educação de 5,2 milhões de matrículas no ensino técnico até 2024 —número distante do 1,9 milhão até 2021. Mas é preciso ir além:

“Precisamos manter a qualidade, caso contrário vai ser difícil o setor produtivo reconhecer a importância desse diploma técnico e pode ser que a gente perca esse diferencial, o que é ruim para a economia e a produtividade do país. Precisamos de arranjos colaborativos. E o setor produtivo está disposto a oferecer oportunidades de formação prática”, ressalta.