
Um grupo de 15 mulheres de uma etnia Kaingang do Paraná montou acampamento em Marília para venda de artesanato e a passagem pela Avenida das Esmeraldas criou atração na cidade.
O grupo veio de Londrina e como tradição da cultura Kaingang tem atividade nômade com movimentação frequente, o que diferencia de migrantes ou população em situação de rua.
“Possuem proteção do estado brasileiro e são conhecidos como guardiões da terra, mar e das florestas. Merecem respeito, apoio e proteção de toda sociedade e poder público”, explica um comunicado da secretaria Municipal de Direitos Humanos, que esteve no acampamento.
O espaço fica acessível à população para a compra dos produtos. O contato é a líder do grupo, Iraci. Produtos como cestos e balaios são vendidos por até R$ 80 – em dinheiro, não aceitam cartão -.
O acampamento na avenida, como em outros locais semelhantes, fica montado até a venda de todo material a ser disponibilizado na cidade.
A etnia Kaingang é uma das que mantinham forte presença na região de Marília e oeste paulista no início da ocupação e urbanização que levaram ao surgimento da cidade.
Um levantamento do pelo biólogo e gestor socioambiental mariliense Dafran Macário mostra uma dívida histórica provocada pela ocupação com extermínio.
Dafran conta que a expansão, ocupação e especialmente evolução das ferrovias foi acompanhada por mortes, desmantelamento de comunidade indígenas e as primeiras reações oficiais, atrasadas.
Consultor na área com atuação em todo o país, o que inclui alguns anos de atividade para a Funai, Dafran diz que houve um genocídio indígena em pleno século XX, responsável por uma “limpeza” étnica.