Calda bordalesa: a mistura caseira usada há mais de um século para salvar plantas doentes

Aprenda a preparar calda bordalesa em casa e proteja suas plantas com um fungicida natural usado há mais de 100 anos.

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Calda bordalesa a mistura caseira usada há mais de um século para salvar plantas doentes
Calda bordalesa

Você já viu uma planta definhando e pensou em desistir dela? Pois saiba que existe uma receita centenária, criada por viticultores franceses, que ainda hoje salva jardins e hortas inteiras: a calda bordalesa. Esse preparado simples e barato ganhou fama justamente por um motivo — ele funciona. E o melhor: você pode preparar em casa.

Como fazer calda bordalesa em casa com segurança

A calda bordalesa é uma mistura de sulfato de cobre e cal virgem diluída em água. Juntos, esses ingredientes formam um potente fungicida natural que combate oídio, ferrugem, míldio e manchas foliares. Para fazer em casa, você só precisa seguir proporções e cuidados específicos.

Ingredientes da receita tradicional:

  • 20 g de sulfato de cobre (encontrado em casas agropecuárias)
  • 20 g de cal virgem (ou hidróxido de cálcio)
  • 1 litro de água potável

Modo de preparo:

  1. Dissolva o sulfato de cobre em 500 ml de água em um balde plástico.
  2. Em outro recipiente plástico, dissolva a cal virgem nos outros 500 ml de água.
  3. Misture lentamente a solução de cal à solução de cobre, sempre mexendo com uma colher de pau ou bastão plástico. Nunca use utensílios metálicos.
  4. A mistura deve ficar com coloração azul celeste e pH neutro a levemente alcalino (entre 7 e 8).

É fundamental usar luvas, máscara e óculos de proteção, especialmente durante o preparo. Embora natural, a calda bordalesa pode causar irritações se houver contato com pele ou olhos.

Como aplicar a calda bordalesa nas plantas

A calda bordalesa é um produto de ação preventiva. Ela deve ser aplicada antes que as doenças se instalem ou logo nos primeiros sinais de fungos. Não adianta esperar a planta estar tomada por manchas ou podridão para iniciar o tratamento.

Use um pulverizador manual para aplicar a calda em todas as partes da planta — folhas, caules e até o solo ao redor da base. O ideal é fazer isso nas primeiras horas da manhã ou no fim da tarde, evitando sol forte e vento.

A frequência da aplicação varia de acordo com o clima e a planta:

  • Hortaliças e ervas: a cada 7 a 10 dias em épocas chuvosas.
  • Frutíferas e ornamentais: a cada 15 dias ou após chuvas fortes.

Importante: não aplique durante a floração ou perto da colheita. Para plantas comestíveis, respeite o intervalo de segurança de 10 dias antes do consumo.

Em quais plantas a calda bordalesa pode ser usada

Essa calda é versátil e pode ser usada em praticamente qualquer tipo de planta, mas se destaca por sua eficácia em espécies mais sensíveis a fungos e doenças fúngicas. Veja alguns exemplos:

  • Tomateiros: combate oídio e requeima.
  • Videiras: usada desde sua criação para prevenir míldio.
  • Rosas: eficaz contra ferrugem e manchas negras.
  • Orquídeas: ajuda a controlar podridões de raiz e folhas.
  • Citros e frutíferas tropicais: auxilia na prevenção de cancro e gomose.

A calda forma uma camada protetora nas folhas, impedindo que esporos de fungos se instalem. Ela também alcaliniza o pH da superfície foliar, dificultando a sobrevivência dos patógenos.

Calda bordalesa a mistura caseira usada há mais de um século para salvar plantas doentes
Calda bordalesa

Vantagens e limitações da calda bordalesa

Um dos grandes trunfos da calda bordalesa é que ela não gera resistência nos fungos, ao contrário de muitos produtos sintéticos. Isso a torna ideal para cultivos orgânicos e sistemas agroecológicos.

Além disso, ela é:

  • Econômica
  • Fácil de preparar
  • De amplo espectro de ação
  • Aceita pela agricultura orgânica

Mas também tem limitações. O cobre, presente na fórmula, pode se acumular no solo com o uso excessivo. Por isso, seu uso deve ser moderado e pontual. Também não é recomendada para plantas jovens ou brotações novas, pois pode causar fitotoxicidade (queimaduras).

História e legado da calda bordalesa

A calda bordalesa foi desenvolvida no século XIX, na região de Bordeaux, na França, como uma resposta ao ataque devastador de fungos nas videiras. Curiosamente, seu uso começou quase por acaso: os viticultores aplicavam a mistura de cal e cobre nos parreirais não para proteger, mas para desencorajar ladrões, já que a substância deixava as uvas com gosto ruim. O efeito antifúngico foi percebido depois.

Desde então, ela foi adotada por agricultores em todo o mundo. No Brasil, pequenos produtores e jardineiros urbanos continuam recorrendo a essa receita, agora com mais conhecimento técnico e segurança.

Redescobrir soluções antigas como a calda bordalesa nos conecta com um saber que atravessa gerações. Em tempos de excessos químicos e impactos ambientais crescentes, essa receita centenária mostra que o natural — quando bem usado — ainda é um caminho potente. Às vezes, a cura para suas plantas está num balde azul-claro, misturado com história e simplicidade.