Combate à Corrupção

Governo cobra a devolução de R$  140 milhões em emendas para saúde

Auditorias revelam fortes indícios de irregularidades, como volume de exames incompatível com cidades

Governo cobra a devolução de R$  140 milhões em emendas para saúde

Marília - O combate à corrupção no Brasil deu mais um passo importante: o Governo Federal cobra a devolução de mais de R$ 140 milhões repassados a municípios por meio de emendas parlamentares destinadas à saúde.

A cobrança acompanha auditorias realizadas pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DenaSUS).

Os relatórios apontam fortes indícios de irregularidades, como o registro de procedimentos médicos e exames em número incompatível com a capacidade dos municípios.

O caso mais emblemático ocorreu em Vitorino Freire, no Estado do Maranhão. Na cidade de cerca de 30 mil habitantes, foram declaradas mais de 800 mil consultas médicas realizadas durante o ano de 2021.

É como se todos os moradores tivessem feito pelo menos 26 consultas cada um durante o ano – número que levanta suspeitas de fraudes. Só este caso resultou na cobrança de R$ 13,4 milhões de volta aos cofres públicos.

O Maranhão está no epicentro das investigações, que envolve a manipulação de registros de atendimentos do SUS, uso indevido de credenciais de acesso ao sistema e suspeitas de favorecimento de empresas ligadas a políticos influentes.

Mas outros estados como Amapá e São Paulo também estão na lista de cobranças. São Paulo, por exemplo, aparece com cinco municípios citados nas investigações, totalizando R$ 1,8 milhão em cobranças.

Há pouco menos de 1 mês, o STF (Supremo Tribunal Federal) promoveu uma audiência pública para ouvir as instituições, a academia, o Estado e a sociedade civil a respeito das emendas parlamentares.

Explosão de valores

Os números oficiais mostram que partimos de de R$ 200 milhões em 2014 e atingimos em 2025 o exorbitante número de R$ 50,4 bilhões. Ou seja, aumento de 25.100%, enquanto o salário-mínimo aumentou 109% no mesmo período.

Roberto Livianu, Procurador de Justiça em SP e Presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, que participou da audiência pública, apontou falta de critérios nas emendas.

“Apresentadas sem qualquer critério de destinação, sem qualquer compromisso de concretização das políticas públicas.

Ainda de acordo com Livianu, a distribuição de emendas nos últimos 5 anos ignorou solenemente as necessidades concretas das cidades.

“O que pesou foi única e exclusivamente o interesse em contemplar os respectivos redutos eleitorais. Mesmo que não precisassem dos recursos, com o objetivo puro e simples da perpetuação no poder”, disse o procurador.

Repercussão na mídia

Publicações de veículos de comunicação como a Folha de S.Paulo, apontam que o Ministério da Saúde anunciou que seguirá apoiando auditorias e operações.

Muitas prefeituras recebem notificação para apresentar defesa ou devolver valores já identificados como irregulares. Mas essa discussão precisa ser mais profunda.

O Jornal O Imparcial, do Maranhão apontou que com novas fases da investigação devem aprofundar as apurações e buscar responsabilizar os envolvidos.

“A expectativa é que o caso sirva de alerta para a urgente revisão dos mecanismos de controle de emendas parlamentares”, diz. Destaca, ainda “reestruturação da fiscalização sobre os dados do SUS, sob pena de o sistema seguir vulnerável à captura por interesses alheios ao bem público”.

Certamente a ação evidencia que o Brasil precisa aprimorar cada vez mais as medidas de enfrentamento à corrupção. Além disso, investigações técnicas e ações firmes para responsabilizar gestores públicos e recuperar recursos desviados.

Medidas como esta são fundamentais para garantir que os investimentos cheguem a quem realmente precisa: o cidadão. Afinal, o Brasil tem dono: VOCÊ!