Quem frequenta churrascos já percebeu que alguns cortes de carne saíram do anonimato e ganharam espaço na grelha dos assadores mais criteriosos. Se antes picanha, maminha e alcatra reinavam sozinhas, hoje cortes antes considerados “alternativos” são os protagonistas. Os churrasqueiros mais exigentes perceberam que a escolha da carne vai muito além do prestígio do nome: textura, marmoreio e sabor intenso fazem toda a diferença. E é justamente por isso que quatro cortes em especial estão roubando a cena e conquistando os paladares mais atentos.
Cortes de carne e a mudança no paladar brasileiro
O churrasco brasileiro sempre teve uma ligação cultural forte, mas durante muito tempo ficou restrito a cortes tradicionais. Com o avanço das casas de carne premium e da divulgação de técnicas argentinas e uruguaias, o consumidor passou a valorizar cortes com características específicas. Hoje, saber escolher a carne é quase uma assinatura de personalidade para quem comanda a grelha. Os cortes que viraram febre não são modismo passageiro, mas sim escolhas que entregam suculência e sabor diferenciados.
Denver steak: maciez que surpreende
Entre os cortes de carne mais comentados, o Denver steak conquistou um público fiel. Retirado do acém, região dianteira do boi, ele surpreende justamente porque vem de uma parte antes considerada de segunda. Graças ao corte correto, revela fibras curtas, bom marmoreio e maciez inesperada. Churrasqueiros experientes gostam de preparar o Denver em espessuras mais grossas, selando em fogo alto e finalizando em calor indireto. O resultado é uma carne que desmancha na boca, perfeita para acompanhar uma boa taça de vinho tinto.
Flat iron: suculência com personalidade
Outro corte que ganhou fama é o Flat iron, retirado da paleta. Por muito tempo, a paleta foi vista apenas como carne para cozidos, mas técnicas modernas de desossa transformaram o potencial dessa região. O flat iron é considerado o segundo corte mais macio do boi, ficando atrás apenas do filé mignon. No churrasco, ele se destaca pela suculência e sabor acentuado. Os churrasqueiros recomendam cortes médios, evitando ponto muito passado para preservar a textura amanteigada. Quem prova dificilmente volta a olhar a paleta da mesma forma.
Short rib: intensidade no sabor
O Short rib é mais robusto, com presença marcante de osso e uma camada generosa de gordura. Ele se tornou febre entre os apaixonados por defumação e grelha lenta, justamente por entregar um sabor profundo. É um corte que pede paciência: preparado em fogo baixo, com tempo prolongado, resulta em carne macia e cheia de sucos. O visual imponente, com osso aparente e fibras marcadas, também encanta. Hoje, dificilmente um churrasco de alto nível deixa de incluir essa peça, que virou estrela entre os assadores profissionais.
Tomahawk: imponência e espetáculo
O Tomahawk talvez seja o mais cenográfico entre os cortes de carne em alta. Com o osso longo lembrando um machado indígena, ele rouba a cena pela aparência. Além do impacto visual, o tomahawk traz a mesma essência do ribeye, com marmoreio abundante e sabor intenso. Churrasqueiros mais exigentes gostam de usar técnicas de reverse sear — selar no final, após um cozimento lento — para atingir ponto uniforme. É o corte ideal para quem gosta de impressionar convidados e transformar o churrasco em experiência gastronômica.
O papel do marmoreio
Se há algo que une esses cortes de carne é o marmoreio, ou seja, a distribuição da gordura entre as fibras. Essa característica garante suculência, aroma e sabor superiores. Churrasqueiros atentos sabem que mais do que escolher pelo nome, é preciso observar a qualidade do marmoreio. Uma peça bem marmorizada exige menos tempero e entrega mais prazer no paladar, transformando o simples ato de assar carne em arte.
Como escolher no açougue
Não basta saber o nome dos cortes de carne: o segredo está em reconhecer qualidade. Procure peças com coloração vermelho-vivo, gordura clara e firme, sem excesso de líquidos. Açougues especializados costumam oferecer cortes já prontos no padrão correto, mas é válido conversar com o açougueiro para garantir espessura adequada e cortes bem feitos. Quanto mais informação o consumidor tiver, mais chance de levar para casa uma carne digna de churrasco de alto nível.
Técnicas que fazem diferença
Além da escolha, o preparo é determinante. Cortes como tomahawk e short rib pedem fogo baixo e tempo prolongado, enquanto Denver e Flat iron ficam ótimos com selagem rápida em brasa forte. O uso de termômetro é cada vez mais comum entre os churrasqueiros exigentes, já que cada grau faz diferença no resultado. Outro detalhe importante é o descanso da carne após sair da grelha: respeitar alguns minutos antes de fatiar ajuda a preservar os sucos e a maciez.
Tendência que veio para ficar
Os cortes de carne que viraram febre entre os churrasqueiros mais exigentes não são apenas moda, mas reflexo de um consumidor mais informado e de um mercado que valoriza qualidade. Hoje, preparar um churrasco vai além de reunir amigos: é também mostrar conhecimento, escolher peças com critério e transformar a refeição em experiência memorável. Quem domina esses cortes tem na grelha não apenas carne, mas também uma forma de expressão pessoal.
O churrasco brasileiro continua sendo um dos símbolos da nossa cultura, mas a evolução dos cortes mostra que tradição e inovação podem caminhar juntas. Ao incluir Denver steak, Flat iron, Short rib e Tomahawk na brasa, os churrasqueiros escrevem um novo capítulo dessa paixão nacional — e cada convidado leva na memória um sabor que dificilmente será esquecido.