
Cantor, compositor considerado um ‘multiartista”, o músico Sérgio Ricardo, nascido em Marília e falecido em julho deste ano no Rio de Janeiro, será lembrado também por um projeto de acervo digital coordenado por sua filha, Marina Lutfi, que já reúne pelo menos 5.000 itens e está aberto a novas colaborações.
“A obra de Sérgio Ricardo está mais viva do que nunca. Desde o início deste mês o público tem acesso a um projeto que, inspirado nas múltiplas expressões e no espírito popular e agregador de Sérgio, dá luz e dinamismo à sua trajetória de mais de 70 anos de carreira: o Sérgio Ricardo Memória Viva”, diz um comunicado do projeto.
O arquive envolve projetos em música, cinema, literatura, teatro e artes visuais. São partituras de músicas (transcritas em letra, cifra e melodia, para que as pessoas possam tocar os arranjos originais), desenhos e textos inéditos, matérias de jornal, fotos e vídeos do acervo pessoal de Sérgio e outros.
A apresentaão lembra que através dos registros de sua obra, é possível mergulhar em uma densa fonte de pesquisa sobre notícias históricas, produções artísticas e culturais de momentos fundamentais do Brasil.
“Meu pai era um ativista cultural. Criou diversos projetos ao longo da vida para dar chance a novas gerações, para que a cultura brasileira não deixasse de ter janela para o público. Isso era quase uma missão dele como artista, principalmente pós-ditadura, quando sentiu na pele a falta de espaço e um esvaziamento cultural”, conta Marina Lutfi.
Apoiado pelo Itaú Cultural, o acervo Sérgio Ricardo Memória Viva é mantido por uma equipe multidisciplinar, e contou ainda, durante sua gestação, com aportes da UNIRIO e da FAPERJ, fundamentais para seu desenvolvimento.
O acervo começou a ser articulado em 2009 com o projeto Memória Artística Sérgio Ricardo, pensado e gerido pela museóloga e professora doutora da UNIRIO Ana Lúcia de Castro.
A ideia original surgiu quando Sérgio foi convidado a participar do evento comemorativo dos 30 anos de criação da UNIRIO, em que se reuniram personalidades atingidas diretamente pelo período da repressão militar.
“Foi então que a museóloga Ana Lúcia, companheira de Sérgio por 17 anos, mãe de suas duas filhas, aprovou a ideia junto à Pré-Reitoria de Extensão da Universidade, que a registrou como projeto de extensão, com direito a cota de bolsistas em Museologia para a organização do acervo”.