Marília

Achei que morreria – Padre de Marília relata superação de Covid com gratidão e fé

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Fotos: Amanda Felix / Pascom Paroquial
Fotos: Amanda Felix / Pascom Paroquial

O padre Tiago Barbosa, que atua na Paróquia de Santa Rita de Cássia, na zona sul de Marília divulgou nesta segunda-feira um longo relato sobre sua experiência com quadro de Covid, momentos de medo, gratidão e mensagens de fé.

Formado em jhornalismo e teologia,  atuante na Pastoral da Comunicação da Diocese de Marília, padre Tiago atua em uma das mais influentes e ativas paróquias da região, com diversos projetos comunitários.

Apresentou os primeiros sintomas no dia 1º de abril. Confirmou a doença no dia 7. Enfrentou 15 dias de isolamento em um quarto na casa paroquial. Segue em tratamento, com algumas sequelas marcantes como lapsos de memória, reações mais lentas e insônia

“É uma doença muito séria, que exige de nos responsabilidade, coerência e, sobretudo, cuidado. Cuidado conosco, com quem nós amamos e contato com quem nem conhecemos, mas que é o próximo de que Jesus fala no Evangelho“, destaca. “Durante dois dias da doença achei que morreria e que nunca mais poderia celebrar os Santos Mistérios do Altar, essa constatação me consumiu muito.”

Neste domingo celebrou a primeira missa após sua recuperação. “Me emocionei, não me contive; o dom de trazer Jesus na terra, mesmo com minhas misérias, junto à bondade do povo fiel que, com olhares e acenos na celebração demonstrou seu carinho por mim, fizeram com que as lágrimas caíssem naturalmente no meu rosto.”

Pede orações pelos infectados, por seus familiares, pelos profissionais da saúde e por todos que, para garantir o pão material em suas mesas, saem para o trabalho cotidiano.

“Em todo o percurso de isolamento, diagnóstico, medicação, recuperação, alta, sequelas e, agora, retornando aos poucos à rotina, fui amparado pela bondade das pessoas. esmo com a porta do quarto fechada, permaneci com o coração aberto e, com isso, tantos quantos estiveram comigo: recebi centenas de mensagens, seja via WhatsApp, seja pelas redes sociais, e inúmeras ligações de paroquianos, bem como de amigos, conhecidos e até de pessoas que, até então desconhecidas, se sensibilizaram e fizeram contato comigo.”

A carta, segundo o padre, foi escrita com oração, afeto e gratidão. Você pode ver a carta abaixo ou acesse a na página do padre no Facebook.

“Marília (SP), 26 de abril de 2021

Segunda-feira da IV Semana da Páscoa

Aos amados paroquianos; Aos queridos familiares; E aos estimados amigos que, durante minha enfermidade, fizeram-se presentes em minha vida, por meio de orações e bons pensamentos.

A terra está repleta do amor de Deus; por sua palavra foram feitos os céus, aleluia (Cf. Sl 32, 5-6).

Ontem, dia 25 de abril, Dia do Senhor, quando a Igreja nos propôs, por ocasião IV Domingo da Páscoa, a celebração de Cristo, o Bom Pastor, presidi a Sagrada Eucaristia publicamente, pela primeira vez, em nossa Igreja Matriz de Santa Rita de Cássia, de Marília, após meu contágio pelo Coronavírus (Covid-19), suspeitado no dia primeiro de abril, quinta-feira da Semana Santa, e confirmado na quarta-feira seguinte, dia 7.

Mesmo que, de maneira discreta e breve, o contato com o povo fiel encheu meu coração de emoção e, por meio de cada aceno e sorriso recebidos das pessoas que em nosso templo estavam, experimentei, de maneira impar, o pastoreio de Cristo em minha vida. Nas últimas semanas, literalmente, senti em meu corpo as feridas emocionais abertas pela Covid-19 e, com fé, dor e fraqueza corporal, trilhei a via do Bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas (Cf. Jo 10, 11).

Dos quinze dias, que passei isolado em um dos quartos da Casa Paroquial, e nos dias seguintes, até hoje ainda recluso, senti e continuo a experimentar a delicadeza de Nosso Senhor que, tomando-me em seus braços, como Pastor que é, enfaixou minha enfermidade e cuida de mim, por meio do zelo de tantos que me ajudaram e continuam a me auxiliar na reabilitação do pós vírus. Em todo o percurso de isolamento, diagnóstico, medicação, recuperação, alta, sequelas e, agora, retornando aos poucos à rotina, fui amparado pela bondade das pessoas.

Mesmo com a porta do quarto fechada, permaneci com o coração aberto e, com isso, tantos quantos estiveram comigo: recebi centenas de mensagens, seja via WhatsApp, seja pelas redes sociais, e inúmeras ligações de paroquianos, bem como de amigos, conhecidos e até de pessoas que, até então desconhecidas, se sensibilizaram e fizeram contato comigo.

Lembro também da dedicação e do cuidado que muitos tiveram e não me deixaram faltar nada materialmente; da janela do quarto, contemplei, diariamente, todos que me levaram alimentação, remédios e carinho, por meio do gesto generoso e acompanhado pelo sorriso. Sem citar os nomes, mas profundamente agradecido a todos, também ao nosso pároco, Pe. Marcos Roberto Cesário da Silva, que como pai, amigo e irmão, se empenhou em me assistir nas minhas necessidades, retribuo a todos por tudo o que recebi, por meio dessas linhas e de minha eterna gratidão!

Hoje, recuperado e grato a Deus pelo dom da vida, dirijo essas palavras a vocês que as leem e que, por preces elevadas a Deus ou pensamentos positivos para a minha cura. Muitos me ajudaram nesses dias, por todos, sou grato, e por todos, rezo, diariamente: bispos, padres, diáconos, seminaristas, religiosos, consagrados, paroquianos, familiares, amigos, agentes de pastoral, alunos, colaboradores de nossa Paróquia, profissionais da área da saúde e também irmãos de várias denominações cristãs e de outras religiões, que fizeram contato comigo e me fortaleceram.

A todos, muito obrigado, por tudo que fizeram! Sigamos, em Cristo, o Bom Pastor, que revelou à humanidade o amor do Altíssimo. A terra está repleta de seu amor. Louvado seja Deus por tudo; louvado seja Deus por tanto!

Cuidemos do dom da vida! Peço a vocês, que cumpramos todos os protocolos sanitários, exigidos no momento. Com muita fé, diariamente, rezemos pelos infectados, por seus familiares, pelos profissionais da saúde e por todos que, para garantir o pão material em suas mesas, saem para o trabalho cotidiano. Que Deus favoreça a todos.

Atenciosamente,

Com minha bênção, estima e eterna gratidão,

Pe. Tiago Aparecido de Souza Barbosa“