
A administradora e especialista em Marketing Marcelise Muniz, 45 anos, enfrenta em Araçatuba um quadro complicado de sequelas e trauma pós-Covid agravado por uma disputa com o INSS e a clínica em que trabalhava após cinco meses sem renda.
Casada e mãe de dois filhos, Marcelise teve diagnóstico positivo para Covid assintomático e descoberto em meio a exames por profissionais da clínica em que atua. Passou bem pela doença mas seis meses depois apresentou complicações neurológicas.
Várias quedas, perda de força muscular, dores no corpo, lapsos de memória foram alguns dos sintomas que levaram a um caso de síndrome de Guillain Barré, uma desordem rara onde o sistema imunitário do corpo ataca os nervos e já há relatos em diferentes locais sobre pacientes com Covid que manifestaram o problema.
Em meio às sequelas Marcelise enfrentou uma situação ainda mais grave na epidemia: a perda de sua mãe, a educadora Edith Barrachi Muniz, 79 anos, falecida em março em Marília.
Enfrentou situações de depressão e incapacidade de trabalhar. Começaria uma nova disputa dolorosa: afastamento da empresa e uma tentativa de atendimento pelo INSS que provocaram ainda uma disputa na clínica, que caminha para uma ação trabalhista.
“A médica do INSS disse que os 12 tombos que eu havia levado eram irrelevantes”, conta. Já tomou medidas judiciais, complicadas porque muitos profissionais não queriam entrar com a ação em função do valor: o salário fixo registrado é de R$ 1.800 e podem ser cobrados três meses.
Tentou na clínica uma antecipação dos valores que pretende cobrar judicialmente do INSS. A clínica não aceitou. Buscou acordo de demissão. Também não, apesar do longo período de atuação na empresa, do baixo valor, do acúmulo de funções e outras situações de envolvimento com o trabalho.
“Eu fiz tudo, desde cadastro na Unimed, licença na Vigilância, cadastro de horas em serviços públicos, gestão administrativa e mais. Ainda não tenho condição de trabalhar, acordo com muita dor, meu marido foi internado, estou bem no olho do furacão”, conta Marcelise.
O diagnóstico de Covid passou, os problemas não. Agora também com duas batalhas judiciais.