
O Observatório de Aporofobia Dom Pedro Casaldáliga, criado em São Paulo com apoio e atuação do padre Júlio Lancelotti, levou para redes sociais novo espaço de denúncias, ações de inclusão e combate à arquitetura hostil e preconceito contra pessoas em situação de rua. E já denunciou um prédio de Marília.
A conta do observatório no Instagram, que apontava 5.502 seguidores até a manhã desta segunda-feira, divulgou imagem de um prédio comercial da rua São Luiz em que mureta foi coberta com ponteiras de ferro.
O prédio fica na rua São Luiz e é ocupado pela loja de uma rede de varejo de material de escritório, informática e utilidades. Mas o modelo denunciado na publicação passa longe de ser exclusividade. É um procedimento comum para impedir que os espaços sejam usados como bancos ou especialmente como camas à noite por moradores em situação de rua.
“Arquitetura hostil fruto da aporofobia”, diz a publicação sobre o prédio de Marília, e remete ao termo formado a partir do grego e define aversão a pobres. A cidade já havia sido alvo de publicações pessoais do padre que acusou aporofobia em campanhas oficiais contra esmolas.
O observatório leva para as redes um projeto maior que a divulgação do padre, ainda que comece sem a mesma popularidade. Envolve ações como uma pesquisa sobre sensações, relatos e experiências de pessoas que sentiram ações de aporofobia.
Reúne pesquisadores que vão da área de ciências sociais à comunicação, cinema e planejamento para a organização e divulgação de atividades, E amplia o debate sobre arquitetura hostil
É um conceito para elementos urbanos criados para evitar o uso público em espaços, especialmente por pessoas em situação de rua. São casos de bancos com divisórias, pedras sob viadutos e ponteiras de ferro em áreas que poderiam servir como abrigo e área de repouso.
Em dezembro do ano passado o Congresso Nacional promulgou ai Lei 14.489 de 2022, batizada como Lei Padre Júlio, que proíbe a adoção desse conceito hostil.
O padre atua desde 1986 junto aos movimentos de atendimento, inclusão e proteção de moradores em situação de rua em São Paulo.