Marília

Assistência defende ações contra esmolas e 'falsos artistas' em população de rua

Assistência defende ações contra esmolas e 'falsos artistas' em população de rua

Marília tem 140 pessoas em situação de rua, das quais 90 moradores da cidade, e o enfrentamento do problema esbarra em obstáculos nos casos de dependência química, abandono familiar e financiamento por esmolas.

As informações foram apresentadas na manhã desta quarta-feira em audiência pública da Câmara de Marília com a presença da secretária municipal de Assistência Social, Wânia Lombardi.

Equipe de abordagem durante atendimento a morador em situação de rua

“Tenho tranquilidade em dizer que esmola é a grande responsável por muitas destas pessoas estarem na rua. São usuárias de droga. E como compra droga? Com dinheiro de esmola. Queremos aumentar campanhas mas a esmola é o grande mantenedor em pessoas de rua”, disse a secretária.

A secretária afirmou que “a caridade é muito bem-vinda, tem que ser feita” mas que muitas vezes dá condições para que as pessoas continuem em situação de rua e rejeitem as abordagens para retirada. Além disso apresentou relatos de usuários que vendem até as marmitas recebidas para comprar drogas.

“No dia 26 a secretaria vai inaugurar nova Casa Cidadã, que é a reformulação da Casa de Passagem. A gente quer trabalhar junto com as igrejas, as organizações, nesse atendimento.” A pasta produziu até uma réplica de nota de R$ 2,00 com informações sobre a abordagem social. “Pode parecer agressivo, mas realmente passa dos limites o que as pessoas fazem

Wânia Lombardi disse ainda que a secretaria defende medidas como regulamentação da zona azul para controlar atuação de moradores em situação de rua que atuam como flanelinhas no centro da cidade.

A secretária defendeu ainda regulamentação de um cadastro de artistas de rua para evitar situações de ‘falsos artistas’ que usam proteção legal à cultura como forma de viver com esmolas.

Atendimento no Centro de Referência, que oferece atividades como oficinas culturais

Lombardi disse que a cidade oferece uma rede de serviços socio-assistenciais, com destaque para o Centro de Referencia Especializada, a Casa de Passagem e a Fumares, mas que o atendimento envolve medidas complexas.

“Não existe pagar um ônibus encher de pessoas em situação de rua e levar para a Fumares, são seres humanos, pessoas, que na individualidade estão na rua por algum motivo. Temos que descobrir motivo que levaram à rua, para isso temos uma equipe de abordagem, concursados, cuidadores”, afirmou.

Segundo a secretária, a pasta segue normativas do SUAS, diretrizes e tipificações para procedimentos.

A audiência apresentou ainda alguns números sobre o atendimento a essa população:

– O Centro Pop fez 675 atendimentos em maio
– 380 refeições distribuídas por mês
– 186 passagens de ônibus distribuídas em maio, somando R$ 4.991,38. A
– 70% dos moradores são do município
– 20% são de fora mas em Marília há seis meses
– 10% migrantes

A grande maioria, 88%, é formada por homens, mas o público feminino cresce. “Uma situação preocupante é o crescimento do número de idosos.” O atendimento conta com dois veículos e promove 406 abordagens em média por mês. Em 2018, a Casa de Passagem atendeu 1108 pessoas e ofereceu 11028 pernoites, inclusive com atendimento a imigrantes.