
O edital do programa de concessões de aeroportos para o Estado inclui na descrição de Marília obras e investimentos para uma nova pista paralela à existente e ampliação da pista atual com projeção de altos custos e poucos detalhes técnicos da necessidade dos serviços.
Também prevê novo terminal e estruturas que devem elevar o status da cidade para dar a Marília a capacidade de receber aviões de maior porte e voos comerciais de maior projeção, raramente usados, com saídas para centros turísticos. Veja a lista de investimentos no final da matéria.
Projeção de ampliação de segurança na pista: aterro, obra cara e discussão sobre necessidade
A previsão mais polêmica é a implantação nas duas cabeceiras – em direção à represa Cascata e em direção ao distrito de Dirceu – de expansão de 90 metros de cada lado.
O projeto atinge áreas de barranco, vai exigir grandes investimentos em aterros e aproxima a pista de áreas particulares com plantações. Além disso, a a pista em Marília, segundo um piloto de jato ouvido pelo Giro Marília, já é maior que a de muitos aeroportos com mais voos comerciais e aeronaves de maior porte.
“Acredito que essa exigência deve gerar discussões nas consultas e pode afastar investidores”, afirmou.
Edital prevê nova pista paralela; pode aproveitar pista de taxiamento já existente
Outra obra polêmica é a implantação de uma pista de aproximação de não-precisão, uma obra comum nos maiores aeroportos do país e do mundo, a ser construída ao lado da pista atual. Deve ser construída de forma paralela à pista já existente, com uma distância de 75 metros desta.
A pista de não-precisão agrega condições de segurança e suporte a grandes voos. Pela distância e projeção de tamanho, pode até aproveitar com ampliações a atual pista de taxiamento de aeronaves, mas o PEA não apresenta os detalhes técnicos para a necessidade do projeto.
“A pista de taxiamento que existe realmente precisaria ser estendida. Se você olhar o mapa do aeroporto, vê que as aeronaves são obrigadas a circular pela pista principal para atingir a cabeceira na decolagem ou mesmo seguir circulando pela pista principal por longo trecho na chegada”, explica o piloto.
Ele diz que o ideal é que a pista de taxiamento seja prolongada até as duas cabeceiras. Mas citou que o plano descrito também prevê um novo terminal de embarque e uma nova pista para o taxi das aeronaves.
“Dá a impressão de que a pista chamada de aproximação de não-precisão possa ser feita com a ampliação da atual pista de taxi com uma nova faixa para taxiamento até o novo terminal, aí entendo o investimento como importante. Claro que uma nova pista também agrega benefícios para o aeroporto e para a cidade. Se viabilizar é sempre bom, mas não pode ser algo que se torne um problema para afastar investimentos.”
Área ociosa no aeroporto pode abrigar novo terminal de passageiros na cidade
O plano prevê ainda obrigação de ampliar a capacidade de processamento de passageiros e bagagens no aeroporto, construindo uma nova área terminal, incluindo área de movimento de aeronaves, terminal de passageiros, estacionamento de veículos e mais.
A avaliação entre pilotos e usuários é que o novo terminal seja construído em uma grande área sem uso ao lado de um conjunto de hangares, em frente à avenida Brigadeiro Eduardo Gomes e a aproximadamente 600 metros do terminal atual, mais próximo da cabeceira próxima ao Yara Park.
Após os investimentos, Marília deve estar preparada para processar no aeroporto três aeronaves regulares de forma simultânea. Deve ganhar também sinalização de solo e de aproximação, alguns investimentos que o Daesp (Departamento Aeroportuário do Estado de São Paulo), chegou a projetar mas não contratou.
Veja abaixo a lista de obras prevista em Marília
– Realizar adequações da faixa da pista de pouso e decolagem contendo uma pista de aproximação de não-precisão, e deve se estender lateralmente ao eixo da pista a uma distância, em cada lado do eixo da pista e do seu prolongamento ao longo de todo comprimento da faixa de pista de, no mínimo, 75m;
– Implantar áreas de segurança de fim de pista (RESA) nos termos do RBAC 154 vigente, nas cabeceiras das pistas de pouso e decolagem a partir do final da faixa de pista a uma distância de, no mínimo 90m;
– Consertar e realizar adequações no pavimento do acostamento da pista de táxi B para eliminar a irregularidade do pavimento da pista de táxi com o pavimento do acostamento;
– Prover 1 (um) sistema visual indicador de rampa de aproximação na cabeceira de pista de pousos e decolagens principal, para manutenção das operações regulares;
– Prover sistema de, pelo menos, 9 (nove) sinalizações verticais iluminadas conforme exigências regulamentares da Anac;
– Ampliar a capacidade de processamento de passageiros e bagagens no aeroporto, construindo uma nova área terminal, incluindo área de movimento de aeronaves,
terminal de passageiros, estacionamento de veículos, vias terrestres associadas e outras infraestruturas de apoio, de modo a prover área e equipamentos adequados
para processar no aeroporto, pelo menos, a demanda de 3 aeronaves regulares;
– Construir uma nova pista de táxi de acesso à nova área terminal não inferior a 15m sem acostamentos de modo que a largura total da pista de táxi com seus acostamentos em trechos retilíneos não seja inferior a 25 m onde o com as recomendações de largura para pista e pouso para as aeronaves críticas com OMGWS maior ou igual a 6 m;
– Realizar os investimentos em recapeamento, iluminação e repintura da pista de pouso e decolagem e pistas de táxi, atendendo as demais regras previstas no CONTRATO e ANEXOS, sempre que necessário para manutenção da infraestrutura.