
Um romance entre a policial e o ex-detento. Um coronel e empresário traído e armado. Dois tiros pelas costas. A Polícia Civil de Marília revelou na manhã desta quinta-feira a trama em torno do assassinato do ajudante Daniel Ricardo Silva, 37 anos, morto no domingo pelo coronel da reserva da Polícia Militar Dhaubian Braga Brauioto Barbosa. O oficial está preso.
O delegado seccional de Polícia Civil em Marília, Wilson Carlos Frazão, reuniu jornalistas para apresentar as informações do caso. Revelou que desde o domingo foi feito um pedido de prisão do coronel, que deixou o local do crime – o Motel Fênix, que ele dirige e onde Daniel trabalhava – e só apareceu para depoimento na quarta-feira.
O caso caiu em plantão do feriado na Justiça, a ordem demorou a sair. Foi cumprida após o depoimento. Dhaubian passou a noite no quartel da PM em Marília e deve seguir para o presídio Romão Gomes, para policiais militares, em São Paulo.
“O crime foi passional”, disse o delegado. O depoimento da policial Adriana Silva, esposa de Dhaubian, cabo da ativa na PM, confirma a informação. E mais: ela disse ter medo do marido.
Wilson Frazão esclareceu ainda detalhes da morte: o coronel fez três disparos com uma arma calibre 38. Um atingiu de raspão. Outro atingiu as nádegas e um atingiu as costas de Daniel. O ajudante morreu por hemorragia interna caído na via interna do motel, a caminho da saída.
“O laudo necroscópico indica que a vítima tomou dois tiros pelas costas. Os orifícios de entrada são pelas costas. Um na altura da cintura, outro pelas nádegas e um de raspão. Tudo isso é um quebra-cabeças que deve ser montado para verificar se a versão dele de que o rapaz sacou uma arma e ele reagiu é verdadeira ou não.”
Veja os principais detalhes revelados sobre o crime
– O crime passional
O coronel disse à Polícia que descobriu o relacionamento, foi conversar com o rapaz e que Daniel teria feito menção de que estava armado. Dhuabian, poliial, atirador e colecionador, estava armado e reagiu.
A esposa confirma a informação de crime passional e falou sobre o marido: “Ela confirma o relacionamento e diz que tem muito medo dele”
– Local do crime
O crime aconteceu pouco depois das 6h do domingo. A Polícia Militar só foi acionada por volta de 8h
O local foi “prejudicado”, ou seja, sofreu alterações antes da chegada da polícia. Entre as mudanças houve a retirada de um celular da vítima e a arma usada no crime teria desaparecido.
O celular passa por perícia técnica fora de Marília para avaliar se foram apagados arquivos e se será possível recuperar conteúdo.
“Trabalhamos com a hipótese muito clara de que o local foi prejudicado após o crime”
– Dias de liberdade
“A DIG trabalha na investigação desde o momento do crime. Fizemos o pedido de prisão no mesmo dia. Recesso judiciário, o mandado não foi expedido. Posso dizer que ele estava foragido? Se a gente pensar que ele poderia ser preso em flagrante estava foragido.”
O coronel disse aos policiais que esteve na casa de amigos. Ele tem motéis e negócios em cidades da região, familiares e amigos em Assis e chegou para depor acompanhado pelo pai, ex-policial, e por um advogado de Assis
A polícia investiga ainda se nos dias de liberdade ele teve contato ou fez alguma pressão sobre testemunhas, incluindo funcionários de sua empresa. “Até por isso a polícia entende que é imprescindível a prisão temporária dele.”
– A relação com o ajudante morto
Daniel Ricardo Silva era ex-detento que já prestava serviços no motel quando ainda cumpria pena no regime semiaberto da penitenciária de Marília.
Quando recebeu liberdade condicional, em meados deste ano, Daniel foi contratado de forma terceirizada por uma empresa de obras, que também pertenceria ao coronel. Ele morava em um cômodo no motel.
– Os próximos passos
A prisão temporária dá à Polícia prazo de 30 dias para a investigação, que pode ser prorrogado por mais 30 dias.
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