As novas estações de tratamento de esgoto de Marília, identificadas há décadas como “a obra do século”, estarão saturadas em 2025, quando será preciso ampliá-las. A Estação de Tratamento de Água da bacia do Peixe está inviável e é preciso fazer outra, a custo de R$ 38 milhões.
Estas são algumas das conclusões do estudo de revisão do Plano Diretor de Abastecimento enviado pela Prefeitura de Marília para a Câmara da cidade com projeto de lei complementar que cria política municipal de saneamento e prevê a concessão do Daem (Departamento de Água e Esgoto de Marília).
O estudo foi produzido em 2019 e inclui uma análise de custos para investimentos e manutenção dos serviços. Não há informações no projeto sobre eventual atualização destes dados.
Foi desenvolvido por uma empresa de São Paulo, a Pezzi Consultoria e Projetos, para o Daem. Além da ETA Peixe, também considerada condenada a Estação de Tratamento da Cascata.
O documento é base ainda para projeção de novos modelos de tarifas e inclui previsão de cobrança de tarifa integral pela coleta e tratamento do esgoto.
Tradicionalmente o Daem cobrava apenas 50% do valor de consumo da água pelo serviço de coleta. A partir deste ano elevou esse percentual para 75% e a considerar as informações do plano o valor deve chegar a 100%. Veja abaixo alguns dos detalhes do documento.
– TRATAMENTO DE ESGOTO
“Entretanto, uma vez que as ETEs Pombo e Barbosa estão em fase de finalização de sua implantação e a ETE Palmital ainda permanece em fase de licitação, observa-se a limitação destes sistemas, os quais já no início de sua operação, estarão na iminência de saturação de sua capacidade, sendo necessária a ampliação dos sistemas de tratamento já nos próximos 5 anos (ano de 2025).”
Proposta de nova estação da tratamento de esgoto para bacia do Peixe em Marília
O estudo indica duas alternativas para adequação das estações de tratamento de esgoto: 1 – ampliação do sistema existente; 2 – ampliação do sistema e implantação de uma nova estação, a ETE Peixe.
O documento destaca que a escolha da alternativa – com ou sem a noção estação – é uma decisão política e de gestão. A opção envolve questão de custos – a segunda alternativa ebnvolve valores maiores – e benefícios – a opção mais cara é também apontada como a melhor para o tratamento de esgoto e mananciais envolvidos.
– ABASTECIMENTO DE ÁGUA
“Destaca-se a necessidade de desativação da ETA Peixe e Cascata devido a suas condições estruturais de suas unidades. Quanto a ETA Peixe, o principal produtor do município, responsável por 445L/s, da ordem de 40% da oferta atual, torna-se inviável a reforma dos decantadores e filtros danificados, uma vez que é impossível coexistir a restauração das estruturas com o tratamento de água. O mesmo convém à ETA Cascata.”
O documento indica a implantação de novas estações de tratamento de águas nas proximidades de suas respectivas captações de modo a não suspender a operação.
Aponta ainda vantagens extras quanto a remoção de areia, em razão da manutenção do sistema de recalque de água bruta. Posto isto, esclarece-se as principais modificações em ambos os sistemas. A Nova ETA Peixe ficaria próxima à área de captação.
A proposta de revisão do Plano Diretor aponta ainda projeções de investimentos para rede de captação e fornecimento de água para 35 anos e indica necessidade de investimentos de R$ 348.444.707 em estações de tratamento, poços, reservatórios, redes de distribuição, hidrômetros, estudos e mais.
“As instalações da ETA estão de uma forma geral, em péssimo estado de conservação. Apresentam rachaduras e trincas de forma generalizada indicando problemas estruturais. De acordo com o DAEM, estão sendo realizados esforços para providenciar reformas na estação.”
Além dos problemas estruturais e de conservação, a ETA Peixe conta também com problemas que comprometem o desempenho operacional do sistema. Veja abaixo a projeção de investimentos embutidas no plano.
PROJEÇÃO DE INVESTIMENTOS CAPTAÇÃO E FORNECIMENTO DE ÁGUA | VALOR |
Nova ETA Peixe e reformulação da estrutura existente | 38.400.000,00 |
Nova ETA Cascata e reformulação da estrutura existente | 8.400.000,00 |
Novos Poços Profundos + Reservatórios | 45.630.000,00 |
Reservatórios | 2.990.000,00 |
Ligações de Água | 44.844.993,00 |
Hidrômetros | 68.400.000,00 |
Redes de Distribuição | 43.165.920,00 |
Setorização | 16.000.000,00 |
Adução (Linhas de Recalque e Elevatórias) | 48.937.000,00 |
Estudos, Projetos, Licenças e Licitações de Obras | 31.676.794,00 |
Total | 348.444.707,00 |
O documento completo do projeto de lei para Plano de Política de Saneamento tem mais de 400 páginas. Trata ainda de custos, viabilidade, medidas de reorganização e até projeções de modelos para proposta de concessão do Daem. O Giro Marília acompanha a tramitação da proposta na Câmara e terá mais publicações sobre o tema.