Em meio à pandemia de Covid-19, um advogado e uma auxiliar de cozinha de Marília viajaram para passar dias em hospitais de Barretos e São Paulo e cumprir uma missão para a qual se credenciaram muitos anos antes: fazer doação de medula óssea para transplante.
As histórias do advogado Maurílio Juvenal Barbosa e Nora Santana Araújo da Costa em meio à epidemia foram divulgadas nesta terça-feira pelo Hemocentro de Marília para comemorar o Dia Mundial do Doador.
Maurílio cadastrou para doação há dez anos. Disse que o procedimento teve situações como as agulhas, três viagens até Hospital do Câncer de Barretos, mas ele mantém seu registro de doador ativo. Caso surja um novo paciente compatível precisando de medula óssea ele repetirá o gesto.
“Ser doador pra mim é um ato pessoal de amor ao próximo. Me fez muito bem poder ajudar outra pessoa, saber que poderei salvar uma vida”, declarou.
Nora estava credenciada para a doação desde 2012. Também continua sendo doadora. Por causa da pandemia foi preciso ficar internada por alguns dias no Instituto do Câncer em São Paulo após o procedimento.
“Quando me cadastrei como voluntária me chamaram de louca, que poderia até ficar aleijada por isso. Mesmo contra o preconceito dos que estavam a minha volta minha vontade de salvar uma vida, de poder ajudar quem mais precisa era mais forte, que minha fé em Deus. Mas tudo foi tão tranquilo, fui tão bem atendida, que só tenho a agradecer a todos os profissionais que se comprometem com esta causa”, afirmou.
A chance de um paciente encontrar uma medula compatível é, em média, uma em cem mil. Maurílio encontrou seu paciente compatível em abril e Nora em junho. Nenhum deles desistiu do ato, da vontade de ajudar o próximo, de poder salvar uma vida.
A doação de medula óssea pode ajudar diversas pessoas que apresentam doenças relacionadas com a fabricação de células sanguíneas ou problemas em seu sistema imunológico, como aquelas que apresentam leucemias, linfomas, anemias graves e doenças originadas no sistema imune em geral
Há cinco anos, o terceiro sábado de setembro é celebrado como Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, um tecido encontrado no interior dos ossos que é conhecido normalmente pelo nome de tutano. Na medula óssea vermelha, são produzidas as células sanguíneas.
Para ser doador de medula óssea, o indivíduo deve obedecer a alguns requisitos básicos: Ter entre 18 e 54 anos de idade; Não apresentar doença infecciosa ou incapacitante; Não apresentar câncer, doenças do sangue ou que afetam o sistema imunológico; Estar saudável.
Para se cadastrar como doador deve procurar o Hemocentro de Marília. É necessário apresentar um documento de identificação.
Uma pequena quantidade de sangue do doador (5 ml a 10 ml) é coletada. Esse sangue é analisado por meio do exame de histocompatibilidade, que é importante para conhecer as características genéticas e possibilitar o cruzamento de dados com os pacientes que necessitam do transplante de medula.
Após o exame, todos os dados são guardados no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). Esses dados ficam disponíveis e, caso haja compatibilidade, o doador é comunicado, sua vontade de doar é reafirmada e novos exames são realizados.