
A falta de informações, personagens e até uma reforma no prédio ameaçam uma nova perícia de reconstituição da morte do funileiro Daniel Luís da Silva Carvalho solicitada pelo Ministério Público em Marília.
A conclusão é do Núcleo de Perícias Criminalísticas da cidade e está em documento encaminhado à 2ª Vara Criminal, onde tramita o inquérito sobre a morte, ocorrida há um ano e foi justificada pela falta de novas informações e de personagens centrais do caso, que recusam participar do procedimento.
A manifestação do perito diz que “a nova reprodução simulada repetiria os termos da anterior”, realizada em março deste ano e que teve resultado contestado pelo MP. O relatório aponta ainda que o sucesso da reconstituição é comprometido pelos limites impostos ao trabalho: a reprodução não pode coletar novas informações.
Segundo o documento, pelo menos duas informações novas foram coletadas durante a reprodução de março, com dados que não constavam do processo para responder a duas dúvidas, veja abaixo:
– Onde estava o atirador e qual foi a direção dos tiros.
Depoimento durante a reconstituição indica que Moraes estava à esquerda, dentro do barracão, informação que não estava detalhada no caso. A partir deste dado a perícia fez novas buscas de indícios, como marcas dos tiros. Mas esbarrou em novos problemas: o prédio foi reformado e pintado. Qualquer marca foi apagada.
– O início do ataque, foi fora ou dentro do barracão?
O perito indica que a discussão começa com Daniel fora do barracão, armado com a faca. Vivaldo atirou um capô contra ele. Daniel avança e os golpes teriam ocorrido já dentro do barracão, fora do registro de imagens de segurança.
O relatório diz ainda que a primeira reconstituição exauriu o confronto entre as versões apresentadas para as circunstâncias em que o funileiro morreu.
O CASO
Daniel foi atingido por dois tiros disparados pelo policial militar Cláudio Monteiro de Moraes durante uma discussão contra o outro funileiro, Vivaldo dos Santos, por uma venda de veículo. os disparos ocorreram quando a briga evoluiu e Daniel atacou Vivaldo com uma faca. A família do funileiro morto diz que ele foi vítima de uma emboscada
Com base nas informações prestadas a perícia concluiu que o primeiro atingiu o funileiro em pé, na região do abdômen. O segundo, com Daniel já curvado, atingiu seu ombro e transfixou o tórax.
A reconstituição foi feita apenas com a participação de uma testemunha. Vivaldo disse à Justiça que não tem condições psicológicas e físicas de participar do procedimento.
O policial Cláudio Moraes, investigado no caso, também manifestou à Justiça que não iria participar. Os dois mantém a posição e não devem participar da eventual nova reconstituição.
O inquérito policial concluiu que Moraes atirou em legítima defesa de Vivaldo, embora aponte que o policial demorou a intervir no caso.
O Ministério Público pediu a reconstituição e novas investigações para confrontar as informações com as suspeitas da família sobre eventual emboscada.