A temporada de chuvas é tempo de riscos e medo para as 20 famílias que vivem em uma comunidade em área da CDHU ao lado do bairro Parque das Vivendas na zona Oeste de Marília. Deslizamentos, enxurradas, queda de cômodos são algumas das situações que se repetem e se arrastam há anos.
“Fomos esquecidos. Não falam mais nada. Essa semana eu tive que limpar as bocas de lodo para não perder mais um cômodo da casa”, conta Milton Marcelino, um dos mais antigos moradores que já perdeu um cômodo para enxurrada em fevereiro de 2020.
Barricada montada por morador para conter enxurrada: boca de lobo não suporta volume de chuva
Ele diz que desde o ano passado aumentaram as crateras e deslizamentos próximos a algumas casas à beira de um córrego poluído que passa pelo local.
O bairro recebeu no início do ano uma equipe da Assistência Social para entrega de cestas básicas. Procurou serviços públicos para discutir a remoção das famílias, mas a reivindicação não avançou.
“Houve novos danos, os riscos aumentaram. Algumas famílias saíram, mas outras entraram”, conta.
A área está em discussão judicial com pedido de reintegração e despejo apresentado pela CDHU. Mas as famílias aguardam também decisões em outras discussões judiciais, como obrigação da prefeitura em cadastrar e remover moradores.
A nova esperança está em uma decisão do Tribunal de Justiça que manteve sentença com prazo e medidas para que a prefeitura atenda população em situação de risco.
Apesar do otimismo, a medida ainda permite novos recursos judiciais sem previsão de conclusão do caso. Os moradores já receberam orientações oficiais para deixar a área por questão de segurança. “Quem teve condição ou opção saiu, mas a maioria não tem para onde ir. É sair daqui para achar outra área de ocupação”, explica Milton.