Marília

“Macaco” - Arquiteto acusa empresário de ataque racial em Marília

“Macaco” - Arquiteto acusa empresário de ataque racial em Marília

O arquiteto Pedro Leonardo Negreiros Bonani registrou um boletim de ocorrência em que acusa o empresário C.E.R., que comanda uma empresa de construções com a família, de promover ataque racial e ameaças durante uma discussão sobre problemas em um imóvel que o arquiteto comprou.

Bonani, que é negro, publicou trechos de uma conversa por mensagens em que cobra os serviços e pede que o empresário “seja homem”. A resposta teve ameaças e em uma das frases o empresário e chama o arquiteto de macaco.

“Eu não paguei casa para viver nessas condições…Seja homem e tenha caráter de botar a mão no bolso e arrumar tudo esses problemas”, diz o arquiteto.

O empresário primeiro reclama da mensagem enviada no domingo e diz que já assumiu o compromisso de fazer os reparos no imóvel quando o período de chuva passar. E a resposta continua com reações à cobrança para que “seja homem”.

“Agora não vou arrumar tua casa e vou esperar você e vou dar um pau em você para aprender a falar com os outros, tá bom? Cê não me manda mais mensagem, e eu vou esperar você na porta da sua casa e vou mostrar o quanto eu sou homem, seu vagabundo, macaco”.

“É algo muito grave não somente por se tratar de uma ameaça pessoal mas também por uma falta de respeito à minha cor e todos que fazem parte da história de pretos no Brasil”, postou o arquiteto. O áudio está disponível em publicação feita pelo arquiteto no Instagram (clique abaixo)

 

Bonani afirmou que a discussão já se arrasta há dois anos sem atendimento a problemas de estrutura e que paga financiamento pela casa.

“Todos vocês sabem que minha esposa está grávida de 5 meses e um dos requisitos de uma gestação saudável é que NÃO tenha nervoso/estresse durante este período”, disse.

O empresário está fora da cidade. O Giro Marília conversou com o advogado João Simão Neto, que representa a família, e ele afirmou que ainda não teve acesso às mensagens na íntegra. Mas diz que falou com o empresário e que a conversa divulgada pelo arquiteto não mostra todo o contexto e aconteceu em um momento de emoção e nervosismo. Diz ainda que nunca houve contexto racial na discussão.

“É um caso de retorsão, em um domingo, ele estava trabalhando em um trator em propriedade da família, recebeu mensagem em que foi atacado primeiro. É um questão comercial em que ele recebeu um ataque pessoal e reagiu na emoção do momento e toda situação, mas racista não, isso ele nunca foi, nem perto disso”, afirmou o advogado.

Disse ainda que o empresário já havia se comprometido em realizar os serviços mas que o excesso de chuva complica o trabalho e a programação das atividades.

Além de registrar boletim de ocorrência na polícia, o arquiteto informou que já tem uma advogada para atuar com o caso e a denúncia de ataque racial.