Uma manifestação levou cruzes e cartazes para a Praça Saturnino de Brito, no centro de Marília, para lembrar pacientes que faleceram por complicações da Covid-19 na cidade sem conseguir vagas em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) em hospitais.
O ato foi organizado por parentes do serralheiro Antonio Carlos Serrano, o Carlão, falecido no dia 17 de abril em meio a apelos da família por um leito em hospital. Ele estava em atendimento no PA da Zona Sul. Teve apoio de amigos e de outras famílias com vítimas na cidade.
“Essas cruzes são em memória aos cidadãos de Marília que faleceram de Covid-19 à espera de um leito de UTI. Foram pais, mães, filhos, irmãos, maridos, esposas que deixaram um enorme vazio”, diz um dos cartazes.
Foram produzidas 45 cruzes de madeira, número de vítimas identificadas em óbitos ocorridos no PA, na UPA ou outras formas de atendimento fora das UTIs na cidade. A Saúde oferece nestes postos leitos de estabilização e intubação, com equipamentos como respiradores.
É a segunda manifestação organizada pela família de Carlão, que no dia 24 de abril já havia levado faixas para a praça em memória ao sétimo dia do seu falecimento. A prefeitura deixou de informar os locais em que as vítimas estavam em atendimento e cita apenas “unidade hospitalar”.
“É um número que a gente levantou enquanto houve divulgação ou recebemos as informações de familiares”, explicam Susana Serrano, viúva do serralheiro, e Simone Simão, cunhada do serralheiro.
“Eles não podem ser mais um número em estatísticas. São mais que isso. Além do luto, da dor, é a pergunta: e se tivesse uma vaga de UTI, será que algumas dessas mortes não seriam evitadas? Essa pergunta as famílias sempre vão ter”, disse Simone, que lemnbra os casos de superação de internados em UTI que contrariam prognósticos e voltaram para suas famílias.
O último levantamento divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde na noite da sexta-feira mostra que Marília tinha 100% de ocupação em UTIs do SUS – 82 vagas – e de leitos particulares em convênios – 37 vagas -.. Mostrou ainda 81,8% de ocupação dos leitos de enfermaria – 72 das 88 – no SUS e 100% de uso nas 35 vagas particulares.
Marília registrou até sexta-feira 526 óbitos por Covid. Abril foi o mês com mais mortes – 168 -. Em sete dias de maio foram relatadas 43 óbitos pela doença.