
Em 26 dias, o mês de março atingiu o maior número de óbitos por Covid em Marília, com 71 novos casos e um balanço sobre a evolução da epidemia desde 2020 mostra que 23% das vítimas tinham menos de 60 anos. O período é apontado ainda como momento traumático por representantes do comércio, bares, restaurantes e eventos.
Marília atingiu na sexta-feira 280 óbitos pela doença. Em 28 de fevereiro eram 209. O mês é pior em ocupação de hospitais e o terceiro em número de novos casos. O agravamento da epidemia e da crise não é uma exclusividade de Marília e encontra diferentes municípios com situações ainda piores nos dois sentidos.
A evolução do número de óbitos não alterou de forma significativa o quadro das faixas etárias mais atingidas.Pessoas com idades entre 70 e 79 anos representam o maior número, com 30% dos óbitos, seguidas pelo público acima de 80 e em terceiro a faixa acima dos 60 anos. Mantém índice de 23% de vítimas abaixo dos 60, que já era registrado em dezembro.
O número de leitos, tanto em UTIs quanto enfermarias, subiu em vagas do SUS, particulares e na abertura de mais alternativas de atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) na zona norte e no PA da Zona Sul. A Saúde estuda abertura de leitos também em uma unidade de saúde no Jardim Maracá. Ainda assim, há fila para vagas em UTIs e altos índices de ocupação.
VACINAS
A vacinação, apontada como solução, está atrasada na cidade e arrasta uma disputa com o governo do Estado sobre número de doses. Há um déficit de pelo menos 7.500 doses segundo números da Saúde Municipal.
Seriam 5.000 doses para profissionais da Saúde e 2.500 doses para idosos nas diferentes faixas já autorizadas.
A Prefeitura formalizou a adesão a um consórcio de prefeitos que pretende comprar vacinas e manifestou interesse em até 400 mil doses, mas admite que o número final seja menor.
A compra deve acontecer entre junho e julho, quando a vacinação pelo governo federal e estadual já deve ter avançado.
ECONOMIA
O pior momento da epidemia é acompanhado por graves situações na economia. Diferentes setores atingidos pelas restrições e queda de consumo apontam crise com muitas repercussões.
“Naturalmente na economia o quadro é caótico. Não vem bem há muito tempo. Não pode só falar sobre este mês. Desde o início o comércio sofre consequências drásticas”, disse o presidente do Sindicato do Comércio Varejista, Pedro Pavão.
Para ele, o pior quadro é o desemprego. “Desemprego não compra, não consome, agrava problemas sociais. É o pior. A retomada vai demorar muito tempo, não tenha dúvida.”
“Houve muitas demissões em março. Temos empresas que não vão mais abrir mesmo com fim de restrições. O que ajudaria muito seria a volta da suspensão do contrato trabalho, onde o governo federal arca com boa parte dos salários”, explica Sinval Gruppo, presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes.