Marília foi escolhida entre 133 cidades do país para integrar um projeto nacional de pesquisa sobre nível de propagação do coronavírus no Brasil. Os testes e entrevistas foram iniciados nesta quinta-feira sem comunicado oficial do Ministério da Saúde aos serviços da cidade e provocou surpresa em moradores e técnicos da saúde.
O estudo é coordenado pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas e feito com visitas domiciliares por pesquisadores do Ibope, que devem apresentar cracha e outros documentos do projeto.
“Todas as estatísticas oficiais são baseadas em casos confirmados, os quais representam apenas uma parcela, provavelmente ínfima, em comparação com a realidade do número de casos na população. Por isso, fazemos a analogia com o iceberg. Queremos enxergar para além dessa pequena parte aparente, que são os casos notificados, e conhecer a real proporção de pessoas atingidas pela infecção”, explica o coordenador geral o estudo e reitor da UFPel, Pedro Hallal.
O estudo ainda irá determinar o percentual de infecções assintomáticas ou subclínicas; avaliar os sintomas mais comuns; obter cálculos precisos da letalidade da doença; estimar recursos hospitalares necessários para o enfrentamento da pandemia, além de permitir o desenho de estratégias de abrandamento das medidas de distanciamento social com base em evidências científicas.
A pesquisa incluirá três inquéritos populacionais, realizados a cada duas semanas por meio de visitas domiciliares, conduzidas por equipes do Ibopes.
A primeira fase foi iniciada nesta quinta-feira, 14 de maio, com a realização de testes rápidos para o coronavírus e entrevistas com 250 participantes em cada uma das 133 cidades.
As pessoas serão entrevistadas e testadas em casa, por meio de um sorteio aleatório, utilizando os setores censitários do IBGE como base. Os agentes da pesquisa coletam uma amostra de sangue (uma gota) da ponta do dedo do participante, que será analisada pelo aparelho de teste em aproximadamente 15 minutos.
Se o resultado for positivo, os profissionais entregam um informativo com orientações e repassam o contato do participante para acompanhamento e suporte da secretaria de saúde do município.
O teste utilizado (WONDFO SARS-CoV-2 Antibody Test) avalia anticorpos produzidos pelo organismo após a infecção de cerca de duas semanas antes da coleta — e não identifica o vírus ativo logo após o contágio. Este teste foi recentemente avaliado como uns dos melhores no mercado atual.
“Desde o início da pandemia estamos conseguindo controlar essa doença, saber que Marília faz parte desse estudo, é de grande importância, pois poderemos ter mais um parâmetro e dados de controle”, disse Daniel Alonso, Prefeito de Marília.
O cronograma da pesquisa prevê mais duas fases, com coletas de dados previstas para os dias 28 e29 de maio, na 2ª fase, e 11 e 13 de junho, na 3ª fase.
Ao final, terão sido realizados mais de 33 mil testes em cada uma das três fases, intercaladas por duas semanas, totalizando quase 100 mil pessoas.