
O projeto Acredito Marília, que reúne empresários, profissionais e lideranças de diversas linhas políticas e econômicas da cidade, lançou em redes sociais um manifesto para que a Câmara revogue o aumento de salários para vereadores, promulgado na última quinta, dia 9.
O manifesto reforça uma tendência criada por um grupo de parlamentares que já discute um projeto de lei para revoga a medida. Dos oito vereadores que votaram a favor do aumento, sete já se mostraram inclinados a voltar atrás (saiba mais).
O texto do manifesto cita a inviabilidade econômica dos novos salários, que teriam um reajuste de 29% para todos os vereadores e de 35,8% para o presidente da Câmara. Além disso, classifica como irresponsabilidade o aumento dos subsídios no atual cenário do município, alegando que a produtividade dos vereadores tem sido decadente e que isso não justificaria um salário maior.
Por fim, o movimento destaca ainda que o reajuste em pleno ano eleitoral seria uma prova do distanciamento entre os políticos que votaram pela medida e a realidade cotidiana dos cidadãos marilienses.
Confira o manifesto na íntegra:
Vereadores: revoguem o próprio aumento já!
O presidente da Câmara Marcos Rezende (PSD) promulgou aumento de 29% aos vereadores de Marília a partir de 2021. Reajuste que eles mesmos aprovaram. Isso é um erro economicamente injustificável, fiscalmente irresponsável e politicamente míope.
Injustificável pois os parlamentares argumentam o aumento pela falta de reajuste desde 2012. A inflação daquele ano até 2019 foi de 44,5%. No entanto, a renda média do brasileiro só recupera os níveis de 2011 em 2028, segundo projeções recentes da Tendências Consultoria. Acabamos de passar pela maior recessão da história desde que o Brasil se industrializou. Pleitear majoração salarial neste contexto é entender pouco do cotidiano dos cidadãos.
É também irresponsável pela demanda de serviços e bens públicos. Salários, benefícios e aposentadorias atrasadas, ruas esburacadas, falta de remédios e repasses para unidades de saúde contingenciados. Horário de atendimento ao cidadão reduzido em quase todos os serviços públicos providos pelo poder municipal para contenção de despesas. Há carência de serviços públicos para o mínimo e o básico. Os ocupantes das cadeiras da Câmara Municipal querem mais de 8 mil reais de salário para requerimentos e indicações cujo tema em mais da metade das vezes é para buracos na malha asfáltica da cidade. Qualquer estudante de economia de primeiro ano diria que isso é produtividade baixa. E pouca produção significa salário menor, não maior.
Por último, a miopia. Não se sabe se por descaso ou falta de visão política, aumentar os próprios rendimentos em ano eleitoral mostra a distância dos que votaram a favor do reajuste em relação aos marilienses que sofrem por depender diariamente da ineficiência do setor público municipal. Uma das principais atribuições dos vereadores é fiscalização. Aparentemente, quem aumenta os próprios rendimentos em 29% não fiscaliza nem o espelho.