Ver uma investigação colocar empreiteiros na cadeia é histórico, único. Diretor de empreiteira com atuação multinacional andar de camburão, dormir na carceragem é o tipo de imagem que anima em um país onde a tradição mandar punir só pobre.
Acompanhar a investigação pelo que diz a oposição já não tem nada de inovador e nem de correto. O que já apareceu e ainda vai aparecer de bobagem não tem tamanho. E o problema é que na disputa política o caso fica cheio de meias verdades que confundem e desestimulam a opinião pública.
Nesse viés, até um delegado da Polícia Federal teve de esse explicar hoje, porque a investigação fazia pelo menos duas citações a um atual diretor que não apareceu em canto nenhum das provas colhidas até agora – nada impede que ele apareça no futuro.
Ou seja, é no mínimo um caso para ir com muita calma. A investigação tem que chegar a quem precisar – atual ou ex-dirigente – e punir todos, mas fazer história aqui é cumprir a lei para todos. E cumprir a lei impede uso eleitoreiro, impede ataques a inocentes. Se a oposição não quer, não pode e não tem como evitar cair na vala do discurso, a polícia e a Justiça não podem seguir caminho nenhum além da legalidade.
Tudo isso posto, é preciso dizer também que no meio de toda a investigação soa como idiotice pura – ou má fé descarada mesmo – ver defensores do governo dizer que a roubalheira é antiga.
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Ou seja, se os picaretas da oposição roubaram, tudo bem se os da situação roubarem agora? De onde tiram essa lógica ninguém sabe, mas é a mesma indecência da conversa sobre caixa 2, aquele papo de “todo mundo faz, então eu vou fazer também”.
E mais. Cadeia para os empreiteiros, os políticos e todos os envolvidos é até previsão legal e prender faz parte de punir, até para cumprir a função de desestimular outros crimes – embora pelos valores indicados, o que não vai faltar nunca é picareta disposto a se arriscar.
Mas o que o país precisa mesmo é repatriar, recuperar e reinvestir esse dinheiro todo. O que muda a história é punir e tirar os bandidos a fortuna que faz falta nos investimentos e na valorização da maior empresa deste país.
E uma última consideração a não ser esquecida: a Petrobras é vítima no caso, a Petrobras foi a roubada. É uma empresa moderna, competitiva e importante. Bombardear o escândalo não pode servir como papinho para a turma da “petrobrax”, louca para vender e privatizar a empresa.
