
Padre Júlio Lancellotti, um religioso premiado por sua atuação em projetos de direitos humanos e referência nacional no atendimento a moradores em situação de rua, criticou em redes sociais uma campanha da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social de Marília contra esmolas.
Uma foto com placa da campanha foi postada na conta do padre no instagram – que tem 860 mil seguidores – como a frase “Aporofobia em Ação. Marília.SP.” Aporofobia é a aversão a pessoas pobres.
A publicação do cartaz de Marília é uma de muitas feitas pelo padre com críticas semelhantes a campanhas de outras cidades em diversos pontos do país. A mensagem já recebeu dezenas de interações, inclusive de moradores de Marília, com críticas à campanha.
Em uma delas o vice-prefeito da cidade, Cícero do Ceasa, reconhecido por sua fé e forte atuação junto à Igreja Católica, é marcado para acessar a publicação.
Apesar da visibilidade obtida nesta sexta, a campanha está longe de ser novidade em Marília. Está na rua desde 2018. A Secretaria de Assistência Social defende a iniciativa e rejeita a imagem de aversão a pobre.
“Conheço o trabalho do padre Júlio, tenho o maior respeito, mas não posso aceitar essa acusação, especialmente sem ele conhecer a realidade do atendimento. A campanha é uma decisão de técnicos, de equipe”, disse a secretária Wânia Lombardi.
Wania afirmou que a campanha não é uma ação isolada e está embasada em estrutura de atendimento. “Temos o Centro Pop trabalhando; a Casa Cidadã como albergue com recepção e encaminhamento, tudo muito humanizado, pessoal treinado. Tenho 60 cuidadores sociais”, afirmou.
A secretária disse ainda que a cidade tem rondas permanentes de acompanhamento da população em situação de rua, oferta de vagas na Fumares e alimentação pelo Bom Prato
“Eu me sinto muito confortável em fazer a campanha, visto que eu tenho serviços que atendem à essa população. E temos a Secretaria de Direitos Humanos atuando. Aceito a crítica desde que o padre Júlio venha conhecer o trabalho de toda a equipe, de todos os envolvidos.”
Cadastro de moradores, atuação integrada com diversas entidades, inclusive algumas ligadas à Igreja Católica, o Consultório de Rua – em que equipe de profissionais oferecem serviços básicos de saúde e orientação – são outras iniciativas lembradas pela secretária.
“Temos um comitê municipal de enfrentamento à situação de rua. Tem um trabalho robusto. Não é impensado como colocar em ônibus e jogar para fora da cidade como foi há alguns anos atrás. A gente trabalha com esses invisíveis, eu saio com equipe do atendimento. E como a Secretaria presta serviços adequados, estruturados, a gente é totalmente contra dar dinheiro em semáforo.”