
Anos após o fechamento da empresa Iguatemy-Jetcolor, o que poderia ser uma solução urbana e de investimentos na reocupação do prédio virou polêmica e discussão judicial em Marília depois que o prédio foi vendido, assumido por novos proprietários e uma fábrica que alugava galpão ficou sem endereço, com produtos na rua.
O imóvel estava listado em penhora de série de ações judiciais. Abrigou fábrica e gestão do grupo que entre outras coisas controlou a maior rede de óticas do país.
Foi a leilão em junho do ano passado. A Avant Administração, empresa de compra, venda e gestão de imóveis e holdings de instituições não financeiras, comprou por pouco mais de R$ 3 milhões.
A retomada do prédio tem tudo para ser uma solução em benefícios à cidade: a Avant é uma empresa forte, com sócios como donos da Carino Ingredientes, uma das mais reconhecidas indústrias da cidade.
Quando o prédio foi comprado, o conjunto de galpões tinha seis empresas em espaços alugados. Cinco desocuparam seus espaços. A Sans Cosméticos, pequena fábrica de material como toucas plásticas, ficou enquanto a entrega tramitava na Justiça do Trabalho.
Os novos donos receberam o mandado de imissão na posse, ou seja, controle livre e desimpedido do prédio, que foi executado no dia 17, sexta-feira, até o a noite.
A medida envolveu a retirada de máquinas, móveis, produtos e matéria prima da pequena fábrica. E não havia novo destino: o material foi todo parar na calçada.
“Quem entrou com a demanda deveria dar os meios adequados para os bens da empresa. Simplesmente a empresa retirou todos os objetos e colocou na rua. Prejudicou o material e os produtos têxteis. São produtos perecíveis”, disse o advogado Arthur Eduardo Garcia Merchedjian Júnior, que representa a fábrica de cosméticos.
Ele disse que a discussão não é em relação à posse ou a ordem para que os novos proprietários assumam o prédio, mas a conduta na retirada do material.
Em uma petição já apresentada à Justiça, o advogado pede proteção possessória com realocação da fábrica no galpão ou de forma alternativa que os novos donos do prédio sejam nomeados como depositários fiéis para que cuidem do armazenamento do material.
O proprietário da empresa, Sergio Santana, disse que não encontrou prédio adequado para a mudança e não tem onde colocar o material. Afirmou que tentava prazo até junho, quando poderia ocupar outro endereço.
Avalia o prejuízo geral em R$ 200 mil. “Já avisei a clientes que não vou poder entregar encomendas. Tinha dez funcionários trabalhando aqui. Perdi matéria prima, não sei como vão ficar equipamentos”, disse.
Representantes da Avant que acompanharam o cumprimento do mandado, dizem que foi oferecido o transporte para qualquer endereço que Sérgio indicasse, mas não receberam nenhum indicação. Dois oficiais de Justiça acompanharam a retirada do material e depósito na calçada.
Argumentam ainda que foi dado prazo para a saída de todas as empresas que ocupavam galpões. Sérgio disse ter recebido de um dos oficiais de Justiça que haveria uma nova audiência sobre o caso. Não houve.
Sérgio passou o final de semana de carnaval e a segunda-feira junto a seu material, ao lado da calçada. “Se sair um segundo não sobra nada.”