
A professora Francisca Trajano Silva, uma moradora do distrito de Rosália em Marília e educadora na rede estadual de ensino, transforma redes sociais e contatos com estudantes em uma forma de orientar sobre prevenção contra câncer, superar dificuldades de um longo tratamento e celebrar superação.
Aos 47 anos, la relata dois diagnósticos de câncer de mama. O primeiro em 2003 que provocou longa cirurgia de extração e reconstrução e o outro em 2017.
“Recebi o diagnóstico em outubro de 2003. Fiz a cirurgia em dezembro. Tudo foi muito rápido porque os tumores estavam aumentando e a cirurgia foi muito demorada”, conta.
Além de todos os momentos de medo, dor, tratamentos antes e após cirurgias, enfrentou situações de perdas pessoais, relacionamentos rompidos e planos de casamento alterados.
Encontrou apoio em colegas de escola e alunos. Um deles ajudou a professora a criar contas de redes sociais para postagens em que ela celebra a vida e algumas paixões, como rodeios.
Enzo Tucunduva, hoje ex-aluno da escola no bairro, conta que conheceu Fran na sala de leitura da escola. “Guerreira, lutadora, história de superação. Me ensinou a ser pessoa solidária. Agradeço muito por tudo o que ela fez na minha vida.”
As páginas ajudaram bastante, “É por essas redes sociais que eu tento me superar, porque muitas pessoas não sabem da minha luta muitos me seguem, curtem e não imaginam o que estou enfrentando. Esse carinho é fundamental para a minha recuperação.”
Fran Caipirinha, como gosta de ser chamado por sua origem na zona rural, atua no bairro Santa Antonieta. Na última semana foi convidada por uma amiga – a professora Maria Luiza – para mais uma atividade de contato com alunos.
“Ainda meio restrito, sem muita gente por causa da epidemia e das restrições. Mas é uma situação em que eu abro minha vida e minha história para ajudar com informação, incentivar prevenção e também compreensão, cuidado, atenção e carinho com quem enfrenta um caso de câncer”, diz.
A professora Maria Luiza Toloi, que atua na área de Ciências Humanas e na disciplina Projeto de Vida, disse que falar sobre Francisca não é difícil.
“Trabalhamos juntas há oito anos e ela me surpreende sempre! É uma lição de vida, de força e superação ambulante. Sua aparente fragilidade se transforma em força a cada obstáculo.”
Ela explica que durante a campanha “Outubro Rosa” o objetivo foi a informação e a prevenção do câncer de mama e voltaram a trabalhar juntas.
“A cada depoimento seu, me emociono e descubro uma nova Francisca. É uma vida de aprendizado, de empatia e dedicação à educação.”
O tratamento envolveu momentos de depressão, agravado pela perda de familiares – um irmão morreu em acidente em 2018, o pai sofreu um infarto neste ano – mas a professora conta que lutar é uma história de vida, que começou com a família humilde na zona rural desde a infância.
“Apesar de tudo que passei e estou passando eu me considero uma vitoriosa, por não desistir de viver. E eu fico pensando de onde que vem tanta força.”
Formada em Educação Física, não pode se envolver com atividades esportivas pela perda de força nos membros inferiores. Deu entrada em um processo de aposentadoria.