
Em meio às articulações para composição de uma chapa com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (sem partido) , o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou cautela ao lembrar que ainda nem oficializou sua pré-candidatura à Presidência da República. Por outro lado, ele aproveitou seu espaço no jantar de confraternização do Grupo Prerrogativas para lembrar como se relaciona com ex-adversários políticos, a exemplo de Luiz Carlos Sigmaringa Seixas, um dos fundadores do PSDB.
Como o próprio Lula lembrou, Sigmaringa foi deputado constituinte pelo PSDB e amigo de tucanos históricos como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro José Serra. “Mas era amigo do PT”, ponderou. O político esteve filiado ao Partido dos Trabalhadores em seu terceiro mandato na Câmara dos Deputados.
“Ele tinha uma admiração por mim, cuidava de mim como um pai que cuidava do filho”, destacou Lula, ao mencionar a intimidade entre os dois. O petista conta que Sigmaringa até ficou ao lado de seu advogado quando ele foi se entregar à Polícia Federal, em 2018.
Lula trouxe essas lembranças ao pontuar como aprendeu a conversar e a respeitar aqueles que pensam diferente. No mesmo discurso, ele também citou o cantor Agnaldo Timóteo, que era um crítico dele até passar a defendê-lo quando o petista assumiu a Presidência, e o ex-ministro Antonio Delfim Neto, que apoiou o governo Lula mesmo diante dos ataques que o petista fazia a ele anteriormente.
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“Quero dizer pra vocês que eu aprendi a respeitar algumas pessoas”, disse Lula à plateia repleta de apoiadores.
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Foi em meio a esse contexto que ele citou diretamente o ex-governador Geraldo Alckmin, por muito tempo considerado uma das principais lideranças do PSDB, partido que foi o rival mais longevo do PT. Nesta semana, após mais de 30 anos, Alckmin oficializou sua saída da legenda. As articulações para que ele seja vice de Lula consideram sua filiação ao PSB, mas o Solidariedade também abriu a possibilidade de receber o político com o mesmo propósito .
Quanto a isso, Lula evitou definições. “Primeiro, eu ainda não defini a minha candidatura porque eu estou com muito juízo, eu sei da responsabilidade que eu tenho quando eu disser que eu sou candidato a presidente da República e sei que o Brasil que eu vou pegar em 2023 é muito pior que o Brasil que eu peguei em 2003”, afirmou, antes de acrescentar que também precisa “respeitar o Alckmin”.
De acordo com Márcio França (PSB), ex-governador de São Paulo, o ex-tucano tem intenção de ocupar a vice de Lula. Mas não há previsão de qualquer anúncio.
Lula já declarou em outras ocasiões que só deve confirmar sua candidatura em 2022. Hoje ele acrescentou que “nada acontece para o vice sem acontecer para o presidente”, portanto, o anúncio dessa eventual parceria deve esperar. O ex-presidente afirma que a decisão final não será dele ou de Alckmin, mas sim do PT e da legenda escolhida pelo ex-governador paulista.
‘Campeão da perseverança’
O ex-presidente Lula foi homenageado com o título de “campeão da perseverança” no evento. A honraria, com direito a troféu, foi concedida pelo Grupo Prerrogativas, que fez uma série de declarações sobre o político petista.
A entidade fez a homenagem durante sua confraternização de fim de ano, realizada na noite deste domingo (19), no restaurante Figueira Rubaiyat, em São Paulo. O evento teve ingressos esgotados, vendidos por R$ 500.