
A Justiça Federal condenou a 19 anos e 8 meses de prisão um dos envolvidos no ataque a uma agência da Caixa Econômica Federal no centro de Bauru (SP), em 2018. Tiago Ciro Tadeu Faria integrava o grupo fortemente armado que explodiu o estabelecimento bancário e roubou cerca de R$ 200 mil, além de milhares de dólares e pedras preciosas.
O réu, conhecido como “Gianechini”, havia sido denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) em outubro de 2020 depois que seu DNA foi identificado em dois objetos apreendidos durante as investigações. Ele estava preso desde o ano passado e teve a prisão preventiva mantida. A sentença também determinou o pagamento de R$ 46 mil para a reparação dos danos materiais sofridos pela Caixa.
O ataque na madrugada de 5 de setembro de 2018 contou com a participação de aproximadamente 20 homens, que utilizaram pelo menos oito carros, inclusive blindados, para chegar ao local do crime e bloquear cruzamentos específicos da cidade de Bauru, impedindo que viaturas se aproximassem da agência da Caixa. Eles acionaram explosivos para arrombar o cofre, deixando o estabelecimento bancário parcialmente destruído. Segundo depoimentos, o grupo usava toucas ninja e ostentava armas potentes, de diferentes tipos e calibres, inclusive fuzis de uso restrito.
O comboio de veículos pelas ruas do município chamou a atenção de policiais militares, que solicitaram o apoio de outras equipes. Houve intenso tiroteio entre os agentes e os criminosos, que chegaram a fazer um homem refém para conseguir fugir.
As investigações já conseguiram identificar pelo menos oito dos envolvidos no ataque. Tiago Ciro Tadeu Faria teve seu DNA encontrado em dois objetos apreendidos em locais utilizados pelo bando durante o roubo. Seu material biológico foi coletado em uma touca do tipo balaclava retirada de um dos veículos abandonados durante a fuga. O mesmo perfil genético também foi detectado em uma guimba de cigarro que estava num dos imóveis alugados pela organização criminosa para servir de base para o ataque à agência bancária.
Além desse caso, há indicativos do envolvimento de Tiago Faria em outros roubos a banco no interior de São Paulo. Num deles, em 2020, o alvo foi o Serviço Regional de Tesouraria do Banco do Brasil em Ourinhos, ocasião em que se observou semelhante modus operandi, com a ação de quadrilha fortemente armada e o uso de explosivos.
Pela participação no ataque em Bauru, ele teve a pena fixada em 19 anos, 8 meses e 25 dias de reclusão. A condenação inclui o crime de roubo, com concurso de pessoas, uso de armamento e restrição da liberdade de vítimas, delito agravado ainda pelo emprego de explosivos, que destruíram a agência bancária e viaturas policiais, conforme o artigo 157, caput, §1º, §2º, II e V, e §2º-A, I e II, do Código Penal. O réu foi condenado ainda por integrar organização criminosa, que atuava com emprego de arma de fogo, crime previsto no artigo 2º, caput e §2º, da Lei 12.850/2013.
Outros envolvidos – Além de Tiago, sete pessoas já respondem por envolvimento no assalto à agência da Caixa. Três delas foram igualmente identificadas por meio da perícia de material genético localizado na cena dos crimes. Elas foram denunciadas pelo MPF em setembro deste ano, junto com um quarto acusado que forneceu os documentos falsos utilizados na locação dos imóveis que serviram de apoio logístico ao ataque. O responsável por esses aluguéis já havia sido denunciado em maio de 2019 e segue foragido.
Mais tarde, apurou-se que o proprietário da imobiliária que intermediou uma das locações recebeu graves ameaças que visavam constrangê-lo para que devolvesse o valor da caução depositada pelos criminosos. Um dos envolvidos na coação da vítima também foi denunciado pelo MPF. A sentença expedida em maio de 2021 o condenou a 6 anos de reclusão pelo crime de extorsão. A Justiça, porém, absolveu o réu das demais imputações, por considerar que não havia prova suficiente de sua participação no aluguel dos imóveis ou em outros atos de planejamento e suporte à empreitada criminosa contra a Caixa.
A primeira denúncia contra envolvidos no ataque foi ajuizada em setembro de 2018. Os dois acusados tinham sido presos em flagrante no mesmo dia do roubo, na cidade de Rio Claro (SP). Na casa onde estavam, foram encontrados R$ 45 mil em espécie, além de explosivos e munições. Imagens de câmeras de segurança também revelaram que veículos utilizados no assalto ao banco estiveram na residência dos denunciados dias antes do crime.
As investigações, denúncias e ações penais referentes ao ataque em Bauru estão hoje sob responsabilidade do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Federal no estado de São Paulo. Instituído em julho deste ano, o Gaeco-MPF/SP tem como principal foco de atuação a apuração e persecução de crimes praticados por organizações criminosas, além de auxiliar membros do MPF em investigações complexas e graves. O Gaeco-MPF/SP é formado por 12 procuradores da República e três procuradores regionais da República.