Economia

Aéreas cobram redução de medidas sanitárias na América Latina

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Aéreas cobram redução de medidas sanitárias na América Latina
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Com margens comprimidas e lenta recuperação de demanda na aviação internacional, o setor aéreo global tem aumentado a pressão sobre governos de países para que haja maior flexibilização dos requisitos de entrada impostos pelas autoridades em razão da pandemia de coronavírus. Na América Latina, Chile e Argentina estão entre as nações com processos mais restritivos de entrada.

“A política da Iata é de que temos de abrir fronteiras. Países com restrições e quarentena terão recuperação muito lenta e isso vai afetar o comércio exterior. Os passageiros vacinados deveriam ser dispensados de fazer PCR”, afirmou Peter Cerdá, vice-presidente da Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) para as Américas. 

As declarações foram dadas durante o Wings of Change, evento dedicado à aviação realizado em Santiago com executivos de grandes linhas aéreas.

A média da demanda na região está em 75% dos níveis pré-pandemia, mas segundo o executivo é mais veloz em países com menores restrições, como México, onde a demanda doméstica já supera o registrado antes da pandemia e a internacional chega a 95%. Na Colômbia, a demanda em março já estava 10% acima da registrada em março de 2019.

No Brasil, a exigência de testes PCR para entrar no país foi eliminada pelo governo federal no dia 1º de abril, medida que foi elogiada por Cerdá e pelo presidente do Grupo Latam, Roberto Alvo. Em março, as reservas de passagens no país chegaram a 90% do registrado no mesmo mês em 2019.

“Qual a efetividade das medidas (restritivas)? As medidas atuais adotadas pelo Chile não são adequadas para o momento da pandemia. Praticamente todos os países europeus relaxaram medidas restritivas. Faz poucos dias, Uruguai e Brasil deixaram de exigir PCR, Colômbia há meses, México nunca restringiu”, disse Roberto Alvo, presidente do Grupo Latam, maior linha aérea da América do Sul.

O país exige, além de vacinação contra a Covid-19, a validação dos imunizantes pelo governo do país, a realização de exames PCR e o preenchimento de formulários que podem levar dez dias para serem aprovados.

Presidente da estatal Aerolíneas Argentinas, Pablo Ceriani afirmou que os efeitos das restrições sanitárias dificulta a retomada do setor aéreo.

“Essas medidas geram um impacto para o setor aéreo, custos para o passageiro e gera complicações nos aeroportos. O ideal seria uma harmonização de protocolos entre os países”, afirmou o executivo.

A Argentina ainda exige a realização de testes de Covid PCR para entrada no país.

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Prejuízos com guerra na Ucrânia

A guerra na Ucrânia, que tem aumentado a volatilidade dos preços do petróleo, deve aumentar os prejuízos das companhias aéreas, segundo Cerdá, especialmente para companhias na América Latina e no Caribe.

A previsão da Iata é de que as aéreas do subcontinente superem US$ 3,7 bilhões (R$ 17,4 bilhões no câmbio atual) de prejuízo neste ano. A cifra, resultado de estimativa realizada em dezembro pela associação, precisa ser revisada para cima porque não leva em conta os efeitos da guerra da Ucrânia.

 A previsão em dezembro era de prejuízo de US$ 11,6 bilhões para o setor globalmente, mas a estimava é de lucro de US$ 9,9 bilhões das linhas aéreas americanas, que foram socorridas pelo governo dos EUA durante a pandemia.

“Nossa região terá impacto ainda maior. Aqui tem grandes taxas para a indústria. No Brasil, o combustível é taxado como uma commodity importada em um país que produz o produto (querosene de aviação)”, disse Cerdá a jornalistas.

O executivo afirma que a associação tem pedido ao governo brasileiro que “tenha sensibilidade” com a indústria neste momento.

Combustível sustentável

A Latam, que está em recuperação judicial nos Estados Unidos, afirmou nesta quarta-feira que a companhia vai usar em sua frota pelo menos 5% de combustível de aviação sustentável (o SAF, na sigla em inglês), produzido a partir de fontes alternativas, até 2030. A linha aérea quer ainda neutralizar em 50% suas emissões de gás carbônico.

O compromisso é difícil de cumprir sem que haja o desenvolvimento e, principalmente, a fabricação de combustíveis alternativos por fornecedores na América Latina. Hoje, toda a produção de SAF representa só 0,2% do combustível de aviação usado no planeta.

Querosene e gasolina de aviação, derivados do petróleo, são usados por quase a totalidade das aeronaves no mundo hoje.

Segundo Alvo, cerca de 70% da produção de combustível de aviação sustentável vem hoje dos Estados Unidos, principalmente da Califórnia, e 30% da Europa.