Economia

Trocas na Petrobras 'queimam' imagem da empresa, diz especialista

Trocas na Petrobras ‘queimam’ imagem da empresa, diz especialista Trocas na Petrobras ‘queimam’ imagem da empresa, diz especialista Trocas na Petrobras ‘queimam’ imagem da empresa, diz especialista Trocas na Petrobras ‘queimam’ imagem da empresa, diz especialista
Trocas na Petrobras 'queimam' imagem da empresa, diz especialista


source

O troca-troca no comando da Petrobras não vai reduzir preço dos combustíveis , causa descontinuidade da administração e danos à imagem da empresa. Para Mariana Lessa, professora de Governança Corporativa e Compliance da FGV, desde a crise dos caminhoneiros , em 2018, já poderia ter sido criado um fundo para amortizar esses aumentos de gasolina e diesel , em cenários de crise como o atual.

Trocar o comando da Petrobras, em algum momento, vai ajudar a derrubar o preço dos combustíveis?

O troca-troca não adianta. Ele provoca descontinuidade nos objetivos estratégicos da empresa, traz aumento de custos, já que o presidente que sai fica recebendo salário por seis meses, até terminar a quarentena antes de ir para a iniciativa privada. O Conselho de Administração, e seja quem sentar nele, vai buscar o melhor interesse da companhia, que é o lucro para os acionistas.

Entre no  canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia. Siga também o  perfil geral do Portal iG

O que poderia ser feito para reduzir o impacto de preços no bolso do consumidor?

Por ser de economia mista, está previsto no estatuto da companhia que ela possa agir no sentido de atender o interesse público. Mas, se fizer isso, precisa ser compensada pela União. Hoje, acho complicado que o Conselho vote a desvinculação do Preço de Paridade Internacional (PPI).

A Petrobras atua no mercado internacional e, por isso, os preços seguem as variações de fora. Abandonar o PPI vai trazer insegurança jurídica e os conselheiros podem ser responsabilizados por gestão temerária.

E a criação de um fundo de amortização?

Os especialistas que estudam governança recomendam o caminho de um fundo desse tipo. Isso já estava no radar desde a greve dos caminhoneiros, em 2018. Mas não avançou. O fundo poderia ser abastecido com os recursos dos dividendos que a empresa paga a seus acionistas. 

Seria um fundo temporário, só acionado em momentos de crise no mercado Internacional, com impacto no preço do petróleo. O Congresso poderia agir para ter uma lei criando o fundo.

E por que esse fundo não andou?

Acho que é um pouco de tentar culpar a empresa pelos aumentos de preço. É tentar punir os bons gestores. Mas eles não estão pensando no impacto eleitoral. Pessoa Jurídica não tem coração. Quando ela é bem operada, tenta maximizar o lucro para atender o interesse das partes interessadas.

Hoje, a empresa não está atendendo os clientes, que pagam caro pela gasolina e diesel. Mas a Petrobras não está criando preço. Apenas segue o mercado internacional.

Privatizar a Petrobras vai ajudar a derrubar o preço do diesel e da gasolina?

Se nem o governo, como acionista principal, consegue fazer uma política que absorva esses aumentos, imagine a iniciativa privada. Privatizada, e com diluição do controle, a Petrobras vai continuar olhando o que é benéfico para o acionista. 

Esses ataques ao lucro da Petrobras, feitos pelo governo, trazem prejuízo do ponto de vista da governança?

Sim, há risco de imagem. E desde 2016, o mercado de capitais cobra das estatais uma boa governança pela importância que elas têm na Bolsa.