O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, derrubou na noite desta quinta-feira uma decisão liminar da Justiça do Rio de Janeiro, que havia determinado a suspensão da exibição do especial de Natal do Porta dos Fundos.

A liminar carioca saiu na véspera e estabelecia que o filme, intitulado "A primeira tentação de Cristo", fosse retirado do catálogo da Netflix, para "acalmar os ânimos da sociedade". O magistrado afirmava que a divulgação e exibição do especial traria danos mais graves e irreparáveis do que sua suspensão.

Boa parte da mídia nacional e diversos especialistas jurídicos classificaram o ato como uma censura à liberdade de expressão. Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro do STF Marco Aurélio concordou com essa posição e afirmou que a decisão do Tribunal de Justiça do RJ teria vida curta.

Hoje, a Netflix foi até o Supremo para tentar barrar a decisão do Justiça do Rio e teve a resposta no mesmo dia. No STF, o processo caiu para ser analisado pelo ministro Gilmar Mendes, mas acabou sendo apreciado por Toffoli porque ele é o responsável pelos casos urgentes durante o plantão da Corte, que só retoma as atividades regularmente no próximo mês. Em sua fundamentação, Dias Toffoli afirmou que uma sátira humorística não tem "o condão de abalar os valores da fé cristã", religião da maior parte da população brasileira.

O filme do Porta dos Fundos é recheado de polêmicas. Além de retratar um Jesus Cristo gay que se envolve com Lúcifer, apresenta também um Deus mentiroso e que se envolve em um triângulo amoroso com Maria e José. Mas as controvérsias não param na telinha: por causa do episódio, dois coquetéis molotovs foram atirados contra a fachada da sede do estúdio, na zona sul do Rio de Janeiro. Um suspeito de ter cometido o ataque atualmente encontra-se na Rússia, onde cogita pedir asilo.



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