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Mãe de mulher morta em tiroteio em Madureira acusa polícia de negligência

Familiares de Liliane Rodrigues da Costa, de 23 anos, morta nesse sábado durante uma troca de tiros entre policiais e traficantes no Morro da Serrinha, em Madureira, acusam policiais militares de não terem ajudado a socorrer a jovem. Ela foi baleada na barriga, dentro de casa, no início da tarde. O enterro de Liliane será realizado neste domingo, às 16h, no Cemitério do Irajá, na Zona Norte do Rio.

Mãe da vítima, Josenilda Maria Rodrigues, esteve nesta manhã no Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, para reconhecer o corpo. Emocionada, ela afirmou que os militares impediram que parentes e amigos fossem até a casa de Liliane resgatá-la. Segundo ela, a jovem foi baleada por volta de 14h, mas o PMs só permitiram o socorro da família após as 15h.

"Coração de mãe não se engana. Eu consegui ouvir os gritos de socorro de lá da minha casa, que nem é tão perto de onde minha filha mora. Quando nos reunimos para ver o que aconteceu, ela estava caída e ensanguentada na porta de casa. Ela foi atingida lá dentro e tentou sair para pedir socorro, mas a polícia não deixou a gente ajudar. Só conseguimos buscar o corpo quando fizemos um protesto com dezenas de moradores. Minha filha poderia estar viva se a polícia tivesse prestado socorro", lamenta a cuidadora de idosos de 52 anos.

De acordo com Josenilda, a filha era uma pessoa tranquila e estava em busca de um novo emprego. A mãe negou que a filha estivesse grávida, como foi relatado nesse sábado por moradores da Serrinha e amigos da vítima.

"Ela trabalhava no Mercadão de Madureira, mas perdeu o emprego na pandemia. Estava toda feliz porque tinha sido selecionada para uma entrevista nesta segunda-feira. Ela sempre foi muito tranquila: quase nao saía, não ia para bailes na comunidade e nem festas. Nos últimos tempos, só vivia em casa ou à procura de um trabalho".


Janaína Vargem é tia de consideração de Liliane e também esteve no IML. Ela conta que, na hora do ocorrido, os policiais argumentaram que estava indo colocar uma urna eletrônica na comunidade, o que não procede, uma vez que "não tem nenhum local de votação na Serrinha".

"A comunidade estava cheia e a rua estava lotada de crianças brincando. A polícia chegou atirando sem mais nem menos, não teve ataque nenhum de traficante, como eles estão dizendo.A polícia não deixou a ambulância subir. Os policiais se recusaram a levar minha sobrinha pro hospital: foi um morador que a levou até a UPA do Irajá, mas ela já estava morta. A polícia acabou com uma família", conta.

A Subsecretaria de Vitimados da Secretaria estadual de Direitos Humanos esteve no IML prestando apoio à família da vítima.


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