A audiência pública promovida pela Câmara de Marília para discutir o uso da cannabis medicinal em Marília apresentou propostas para ampliar acesso ao produto na rede básica, divulgou informações e apontou preconceito como maior desafio.

O encontro foi promovido por iniciativa do vereador Danilo Bigheschi, o Danilo da Saúde, e levou para a Câmara representantes de duas associações cannábicas na cidade – Maria Flor e Abracamed (Associação Brasileira de Cannabis Medicinal)

Nayara Mazini, da Abracamed disse que é preciso desenvolver com agilidade políticas públicas para uso da cannabis medicinal na rede pública de atendimento.


Ela apresentou um relatório de propostas já aprovadas na Conferência Municipal de Saúde com ideias que avançam em diferentes áreas do atendimento básico e entregou à Câmara uma dissertação de mestrado com pesquisas sobre aplicação da cannabis.

O médico especialista em Saúde da Família, Thiago Lucas Correa dos Santos Gomes, disse no encontro que o uso da cannabis em casos de dores crônicas foi “fantástico, algo que abriu meus olhos para uma atuação que durante minha formação médica não havia acontecido”.

O coordenador jurídico da Maria Flor, Felipe Nechar, disse que a audiência pública foi uma oportunidade para debater pontos relevantes sobre o uso do medicamento.

“Por um lado, temos a maconha relacionada ao tráfico e repressão na sociedade e, de outro, a cannabis, que está relacionada à saúde. O acesso ao medicamento é sempre marcado por uma história de luta e sofrimento, mas os resultados têm sido positivos em tratamentos de doenças como câncer e fibromialgia.”

A vice-presidente da Maria Flor, Fernanda Peixoto, contou um pouco da história e dos avanços com a formação da associação.  “A associação foi fundada na cidade em 2018 por uma diretoria composta por quatro mulheres que lutam pela vida do próximo. Já contamos com 25 colaboradores e 2,5 mil pacientes associados.”

Fernanda protagonizou um os momentos mais difíceis do trabalho: durante uma viagem com o marido para atendimento a um paciente foi detida e ficou presa por dois anos acusada de tráfico.

“Passados alguns anos, a legislação deu uma pequena avançada no país e agradeço à Câmara de Marília pelo espaço para expormos nossa pauta. A ciência já provou os benefícios da cannabis.”

Um dos casos de maior sucesso é o do menino Matheus, que registrava até 80 convulsões por dia antes de usar a cannabis medicinal e superou o problema com o medicamento.